
A Castanha-do-Pará (𝐵𝑒𝑟𝑡ℎ𝑜𝑙𝑙𝑒𝑡𝑖𝑎 𝑒𝑥𝑐𝑒𝑙𝑠𝑎), também conhecida como Castanha-do-Brasil, é uma das árvores mais imponentes da pan-Amazônia. Nativa do Brasil, pode viver de 500 a 1000 anos, alcançando a copa das florestas e figurando entre as árvores de dossel e emergentes. Por causa do desmatamento e do uso ilegal madeireiro, é classificada como vulnerável pela UICN, que lista espécies ameaçadas de extinção.
Suas flores, creme-amareladas e rígidas, oferecem néctar e pólen a seus visitantes. Somente abelhas muito fortes conseguem abrir as flores da castanheira, como as mamangavas (𝑋𝑦𝑙𝑜𝑐𝑜𝑝𝑎) e outras abelhas grandes. Essas abelhas também estão ameaçadas de extinção pela perda de habitat, pelo uso de agrotóxicos e pelo aumento da temperatura. Quando conseguem cumprir seu papel e polinizam as flores, a castanheira inicia um novo ciclo de vida. Uma vez polinizadas, surgem os frutos.
Os ouriços são frutos lenhosos que só caem da árvore quando estão maduros, entre o fim do ano e o início da estação chuvosa. São duros e pesados. Dentro deles há de 10 a 25 sementes, amêndoas triangulares que esperam o momento certo de germinar.
Todos os dias, as cutias percorrem a floresta comendo e enterrando sementes que encontram. Algumas sementes ela não lembra onde enterrou. Nesses esquecimentos, novas árvores brotam. A relação entre a castanheira e a cutia é um exemplo do mutualismo que sustenta a floresta: enquanto o animal se alimenta e armazena sementes para o futuro, a planta ganha a chance de se dispersar e germinar longe da árvore-mãe. Essa parceria entre fauna e flora é um dos pilares da regeneração natural e se repete em inúmeras outras espécies que habitam a Amazônia, mantendo vivo o ciclo da floresta.
As sementes são a maior fonte natural de selênio (Se) e altamente nutritivas. Esse mineral é essencial ao corpo humano, ajudando a fortalecer o sistema imunológico e retardar o envelhecimento celular. Por isso, as castanhas compõem uma das cadeias mais tradicionais de produtos florestais não madeireiros da Amazônia. O manejo das castanhas é um exemplo de sociobiodiversidade, unindo saberes tradicionais, floresta viva e sustento das comunidades.
