
O nível trófico da cadeia alimentar indica a posição que cada ser vivo ocupa na transferência de energia dentro de um ecossistema. Quanto mais próxima da fonte original de energia for a alimentação, mais eficiente ela é. Assim, os seres mais eficientes gastam menos matéria do ecossistema para se alimentar.
Produtores primários: as plantas produzem seu próprio alimento por meio da fotossíntese e, por isso, são autotróficas. Nesse processo, elas transformam a energia do Sol em matéria viva, tornando-se alimento e fonte de energia para todos os outros seres. Ocupam o primeiro nível da cadeia e são a base de toda a vida.
Consumidores primários: são os seres que se alimentam diretamente dos produtores, ou seja, das plantas. São os herbívoros e, por estarem mais próximos da fonte de energia, também são mais eficientes na cadeia alimentar.
Consumidores secundários: alimentam-se dos consumidores primários. São os carnívoros e predadores, que obtêm energia de forma menos eficiente, pois dependem de organismos que já consumiram energia no nível anterior.
Essa cadeia explica como os seres vivos sobrevivem na natureza e como a energia do Sol circula.

A cada degrau da cadeia alimentar, parte da energia se perde em calor e metabolismo. Das 100 calorias captadas pelo Sol, só cerca de 10 viram folha, e apenas 1 chega ao prato de um carnívoro. É a “Regra dos 10%”, descoberta por Raymond Lindeman em 1942 e confirmada por ecólogos como Eugene Odum e Michael Begon. Na natureza, nada é desperdício — mas o nosso sistema de produção é. (Baseado em Lindeman, 1942; Odum, 1988; Begon et al., 2007.)
Nós, humanos, criamos um sistema próprio para viver em sociedade e nos distanciamos da natureza.
Somos seres onívoros: podemos comer de tudo. Nosso corpo pode ser plenamente bem alimentado, com baixo impacto sobre o ecossistema, ao consumir plantas e água. Ocasionalmente, poderíamos comer carne, pois somos onívoros e isso não nos faria mal. O problema é que a sociedade moderna inverteu nossos valores alimentares. Hoje, a maioria de nós consome produtos ultraprocessados e muita carne, quase sempre comprados em supermercados. Uma distorção da nossa percepção da fonte de energia primária, de eficiência e qualidade nutricional.

Produzimos milhões de toneladas de soja em uma área de monocultura que já ocupa quase 40 milhões de hectares (em 1985, eram apenas 4,4 milhões). A maior parte dessa soja é destinada à ração animal. Ou seja, toda essa produção é para alimentar o gado. É desperdício, mas também destruição: energia, solo e florestas consumidos para sustentar um sistema insustentável.
