
Tudo começa escondido, sob a terra. Quando a semente desperta, a primeira parte que rompe o tegumento e toca o solo é a radícula, a raiz inicial que vai ancorar a vida no chão. Ela é a pioneira da germinação. Sua função é se fixar no solo e começar a absorver água e nutrientes, abrindo caminho para o restante da planta.
Na ponta da raiz há uma pequena capa protetora chamada coifa, uma espécie de capacete natural que protege o meristema, o centro onde nascem novas células. A raiz cresce para baixo. Em sua zona pilífera, surgem os pelos absorventes, microscópicos e incansáveis, que buscam a solução que a planta precisa para viver.

Enquanto isso, outro movimento ganha força. De dentro da semente, o hipocótilo empurra o broto para cima, rompendo o solo em direção à luz. É o início do caule, o eixo que sustentará toda a planta. Logo surgem os cotilédones, as primeiras folhinhas embrionárias, pequenas, pálidas e cheias de reserva de energia. São elas que alimentam a plântula até que as verdadeiras folhas apareçam e comecem a produzir seu próprio alimento pela fotossíntese. Nesse instante, a planta se divide entre dois mundos: um que se aprofunda na terra e outro que se eleva em direção ao sol. A vida aprende a respirar entre o escuro e a luz.

O caule é o elo. É o corpo que une o subterrâneo e o aéreo, o solo e o sol. Por dentro dele correm dois rios invisíveis: o xilema, que leva a seiva bruta (água e sais minerais) das raízes para o topo, e o floema, que traz de volta a seiva elaborada (açúcares e nutrientes produzidos nas folhas) para alimentar toda a planta. Ao longo do caule, há pequenas estações de crescimento chamadas nós. É ali que ficam guardadas as gemas axilares, também meristemáticas. De cada nó pode surgir um ramo, uma flor, um fruto.

E lá em cima, o topo é o lugar onde a vida se renova. Ali está o meristema apical, um tipo de célula-tronco vegetal capaz de se transformar em qualquer parte do corpo da planta. Se a raiz busca água, o topo busca luz. É nele que a planta decide crescer, ramificar, florescer e transformar energia do sol em estrutura viva. Este ciclo se repete, silencioso e perfeito, transformando luz em matéria, tempo em floresta.
