
O colapso ambiental não é uma possibilidade futura: é um processo em curso, territorialmente distribuído e socialmente desigual.
Defender o meio ambiente no Brasil, hoje, significa compreender que a crise climática já está inscrita no espaço – nas cidades que alagam, nos biomas que ardem, nos rios que secam e nas populações que resistem. O conjunto de mapas produzidos a partir da base Adapta Brasil/MCTI projeta um cenário de 2050 (e, em alguns casos, até 2070), no qual o risco climático se consolida como variável estrutural do território.


A metodologia adotada pelo MCTI integra três dimensões centrais: Ameaça climática, Exposição e Vulnerabilidade. A primeira indica a probabilidade de ocorrência de eventos extremos – secas, enchentes, ondas de calor e aumento do nível do mar – cujos impactos variam conforme o setor analisado. A exposição refere-se à presença de pessoas, ecossistemas e infraestruturas suscetíveis a tais eventos. Por fim, a vulnerabilidade expressa a capacidade (ou a ausência dela) de uma área reagir e adaptar-se, articulando sensibilidade e capacidade adaptativa. A combinação desses fatores resulta em um índice sintético de risco climático, calculado para cada município e setor estratégico: saúde, segurança alimentar, energética, hídrica, integridade dos biomas e infraestrutura de transportes.


Os resultados evidenciam que o risco climático apresenta variações significativas entre os setores e regiões do país, com diferentes graus de impacto e de vulnerabilidade socioambiental. As áreas de risco alto e muito alto se concentram de modo desigual, apresentando as especificidades climáticas e estruturais de cada território. O índice de risco, por sua vez, indica que os desafios de adaptação envolvem tanto a mitigação das ameaças climáticas quanto o fortalecimento da capacidade institucional e social para responder a elas, em um horizonte de longo prazo.


Nesse contexto, a leitura integrada dos mapas apresentados evidência que a defesa do meio ambiente ultrapassa a dimensão ecológica. Trata-se de uma questão de justiça climática, planejamento territorial e soberania nacional diante de um futuro climático cada vez mais incerto.


*Mapas e Texto: Amanda Silva Almeida