A constelação da diversidade

Simikadi Bixoá (@simikadi), do povo indígena Javaé e Akwẽ-Xerente, do Tocantins, estudante de Direito na Universidade Federal do Tocantins, fala sobre ser indígena:

“Não deixei de ser quem sou, só mudei de território. Não viro ex-indígena só porque eu piso no asfalto. Eu acho engraçado que as pessoas achem que ser indígena é estar isolado no meio do mato. Mas ser indígena não é uma localização geográfica. Estamos nas cidades, nas aldeias, nas redes sociais, porque ser indígena é resistir e ocupar todos os espaços. A cidade não apaga nossa cultura, nossa língua e nossa tradição. O problema é que vocês aprenderam nos livros de história que só colocam os indígenas lá no passado.”

Ailton Krenak (@_ailtonkrenak), no livro “Ideias para Adiar o Fim do Mundo”, também fala sobre isso:

“Vi as diferentes manobras que os nossos antepassados fizeram, da criatividade e da poesia que inspirou a resistência dos povos indígenas. A civilização chamava aquela gente de bárbaros e imprimiu uma guerra sem fim contra eles, com o objetivo de transformá-los em ‘civilizados’ que poderiam integrar o clube da humanidade. Tem quinhentos anos que os indígenas estão resistindo, estou preocupado com os brancos, como que vão fazer para escapar dessa. A gente resistiu expandindo a nossa subjetividade, não aceitando essa ideia de que nós somos todos iguais. Ainda existem mais de 250 etnias que querem ser diferentes umas das outras no Brasil, que falam mais de 150 línguas e dialetos. Definitivamente não somos iguais, e é maravilhoso saber que cada um de nós que está aqui é diferente do outro, como constelações. Cantar, dançar e viver a experiência mágica de suspender o céu é comum em muitas tradições. Suspender o céu é ampliar o nosso horizonte, não o nosso horizonte prospectivo, mas o existencial. Já que a natureza está sendo assaltada de uma maneira tão indefensável, vamos, pelo menos, ser capazes de manter nossas subjetividades, nossas visões, nossas poéticas sobre a existência.”

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