Compostagem e ecologia

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Ao mesmo tempo em que uma mudança sistêmica precisa acontecer, é comum sentirmos que pequenas ações não fazem diferença no total de emissões e na destruição das florestas que estão nos levando a uma extinção em massa. Mas são exatamente essas mudanças que reverberam na malha da sociedade e transformam a sensibilidade coletiva, capaz de mover sistemas inteiros.

Na verdade, tudo importa. Todos os dias, quando preparamos alimentos, geramos cascas de vegetais, restos de frutas, cascas de ovos, borra de café. Isso não é lixo. Saber separar o que é orgânico do que é reciclável ou rejeito nasce do mesmo entendimento de que a natureza não está “lá longe”: ela é o que mantém a vida funcionando aqui dentro, na nossa casa, na nossa cidade, no nosso corpo. Cuidar dos nossos rastros é transformar a nossa relação com o mundo vivo.

Se você ainda não faz compostagem, hoje é um bom dia para começar. Cuidar de vasos, canteiros e quintais é um convite para participar do ciclo da vida. Compostagem é, basicamente, imitar o que a floresta faz naturalmente. Ali, nada é desperdício. Quando animais podam galhos e folhas, quando o vento derruba ramos, tudo se deposita no chão como um grande tapete de biomassa chamado serrapilheira, um cobertor natural do solo. É energia que sobra. Ao contrário do modelo agrícola industrial, que retira nutrientes da natureza sem parar, a floresta acumula excedentes porque tudo faz parte do ciclo da vida.

Quem inicia essa transformação são ácaros, colêmbolos, besouros, larvas, tatuzinhos, nematoides e protozoários. Eles fragmentam o material enquanto fungos e bactérias quebram moléculas complexas em substâncias menores que nutrem as plantas. Aos poucos, tudo vira húmus. É a vida reciclando a própria vida.

Observar isso afina nossa relação com o mundo vivo. Essa mudança de olhar não substitui a mudança sistêmica, mas prepara o terreno cultural onde ela se torna possível. É assim que uma gota aprende a chamar a chuva. A floresta faz isso todos os dias. E nós podemos fazer também.

Organizamos nesta publicação oito técnicas de compostagem que podem ser feitas em hortas, casas, vasos, canteiros, jardineiras em apartamentos ou pequenos quintais.

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