Curupira é resistência

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Curupira não é mascote. Ele é o guardião das florestas e dos animais, faz parte da espiritualidade dos povos originários e de suas cosmovisões. Está de olho. Tem cabelos de fogo e pés virados para trás. Aparece apenas para quem quer. Pune e castiga quem invade e explora a mãe natureza. Para quem conhece suas histórias, é certo: ele jamais estaria na porta da COP30 para recepcionar malfeitores. Curupira não fecha negócio com petroleira nem posa em selfie com o agronegócio ou qualquer grande poluidor. Ele os faz se perderem nos próprios descaminhos.

O mundo está em crise. Uma conferência como a COP30 deveria acolher os povos da floresta e discutir como enfrentar a emergência climática, mas se transformou num balcão de negócios. Entre discursos e boletins, ganha força a propaganda das falsas soluções, a narrativa de que é possível compensar a destruição com ações que não mudam nada. A exploração não é só ambiental, é também cultural e civilizatória.

Soluções de mercado como geoengenharia, monoculturas de árvores, REDD+ ou soluções baseadas na natureza não atacam as causas estruturais da crise. Ao contrário, aprofundam desigualdades e agravam injustiças, deixando povos historicamente excluídos ainda mais vulneráveis. Como diria Nego Bispo, extraem a vida da terra e expropriam a terra da vida.

Do lado de fora, a Cúpula dos Povos tenta garantir uma presença crítica, mas enfrenta obstáculos concretos. Hospedagem a preços abusivos e barreiras impostas pelo próprio evento dificultam a vinda de movimentos do Sul Global. Seu manifesto exige desmatamento zero, demarcação de territórios e proteção dos defensores ambientais e avisa que só com pressão popular haverá mudanças reais.

Curupira não se vende. Curupira é resistência.

Saiba mais:
Cúpula dos povos: https://cupuladospovoscop30.org/manifesto/

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