
A floresta amazônica pulsa. A Amazonia é o coração do ciclo hidrológico na América do Sul e na Terra. Cada árvore bombeia vapor como uma artéria, e juntas elas fazem a solução do mundo circular, um sistema natural que mantém o clima habitável.

Uma árvore grande pode bombear do solo e transpirar mais de mil litros de água por dia. Centenas de bilhões de árvores, trabalhando em silêncio, jorram para o ar um rio vertical de vapor mais volumoso que o próprio rio Amazonas: 20 bilhões de toneladas de água são transpiradas por dia.

Essas árvores são “geisers da floresta”: estruturas vivas que lançam umidade e criam, sobre o dossel, uma atmosfera de vida. A floresta transpira, o ar se eleva, e com ele se formam nuvens. Mas o modo como isso acontece é pura poesia científica.

As árvores liberam compostos invisíveis (isopreno, terpenos, aromas vegetais) que reagem com a luz do sol e se transformam em uma poeira finíssima com afinidade pela água. “É o pó de pirlimpimpim do oceano verde”, explica o climatologista Antonio Nobre. É essa poeira mágica que semeia as nuvens e leva a chuva.

Assim, a Amazônia importa água do oceano e exporta chuva para o continente. São os rios aéreos que levam umidade até o Centro-Oeste, o Sudeste, o Sul e os Andes. É a floresta quem irriga o Brasil de graça.

E há outro presente: a floresta suaviza o clima, dispersa tempestades e impede que a violência dos ventos se transforme em fúria. “A Amazônia é a melhor parceira da humanidade para manter o clima amigo”, explica Nobre.
O relatório O Futuro Climático da Amazônia, escrito por ele, é uma joia rara da ciência brasileira, de uma inteligência e poesia refinada. Um texto que se lê com o coração e a razão (https://abre.ai/relatorionobre).
