No Brasil, as áreas de cultivo de arroz e feijão têm sido substituídas pela monocultura de soja. Dos anos 70 para cá, perdemos 35% das áreas de cultivo de feijão e mais de 60% das de arroz. Enquanto isso, a soja mais que quintuplicou seu espaço, indo de 6,9 milhões de hectares para os atuais 38,9 milhões.
O problema disso é que a dieta básica brasileira consiste em arroz e feijão. Com a diminuição de produção, temos uma diminuição na oferta e logo os preços sobem. O brasileiro de baixa renda está sendo forçado a diminuir o consumo desses ingredientes.
O Instituto Brasileiro do Feijão e dos Pulses – IBRAFE – explica o problema dessa mudança em reportagem da BBC: “Se as classes menos favorecidas estão comendo menos feijão, o que estão comendo? Mais bolacha e macarrão? O feijão é uma das proteínas vegetais mais baratas que existem. É uma das últimas barreiras contra a fome.”
Com o desmonte de diversas políticas de segurança alimentar e nutricional, não tem sido possível amortecer o aumento do preço do feijão e do arroz no mercado interno. Segundo a Conab, o estoque público de feijão está zerado desde 2017. A FAO recomenda que o país tenha pelo menos três meses de estoque dos produtos básicos, como o feijão. Enquanto isso, a soja, que é um commodity com mercado internacional, tem avançado sobre as lavouras, colocando em risco o prato diário do brasileiro.
Saiba mais:
Por que agricultores brasileiros estão deixando de plantar feijão — e o que isso tem a ver com a fome – BBC: https://bbc.in/3xp0MvT
A extinção do feijão com arroz – Folha de S Paulo: https://bit.ly/3rdJtN6