Foz do Amazonas livre de petróleo

Na contramão do Acordo de Paris sobre a necessidade planetária de substituir o uso de petróleo e transicionar para fontes de energias limpas, na contramão dos diálogos do governo brasileiro prometendo proteger a Amazônia e se comprometendo com a emergência climática global, a Petrobrás e “o mercado” fazem de conta que estão na década de 1980 e defendem novos projetos de exploração de petróleo na foz do rio Amazonas. 

Entender o jogo de cartas das petroleiras é fundamental. A Petrobrás — empresa de capital aberto tendo 46,84% do capital na mão de investidores estrangeiros– pode figurar como “dona” do projeto, mas a modelagem da exploração foi feita pela British Petroleum BP, durante o governo Bolsonaro, sem consulta prévia e informada aos povos impactados. O clima é de urgência. Os grandes poluidores precisam ser responsabilizados e vencidos, especialmente à luz da ciência climática mais recente. É um dado público que a indústria de combustíveis fósseis responde por mais de 75% das emissões globais de gases de efeito estufa e quase 90% de todas as emissões de dióxido de carbono. Também é público que as comunidades da linha de frente mais impactadas por negócios de petroleiras são as menos responsáveis ​​pela crise climática. 

OS RISCOS SÃO GIGANTESCOS PARA A AMAZONIA:

“Qualquer vazamento de petróleo causaria uma tragédia”, explica Suely Araújo, que presidiu o Ibama entre 2016 e 2018. O Oiapoque é uma região de mangues e campos alagados. Ali ficam dois Parques Nacionais de Proteção Ambiental e três Terras Indígenas. Edmilson Karipuna, coordenador do Conselho de Caciques dos Povos Indígenas do Oiapoque, explica que quando a maré dobra, a corrente entra em direção aos rios. Em caso de falha, o petróleo invadiria toda região. 

Vazamentos acontecem. Como exemplos recentes, temos o vazamento de 2500 barris de petróleo bruto no rio Cuninico, na Amazônia peruana no ano passado; de 6300 barris, na Amazônia equatoriana nos limites entre as províncias de Napo e Sucumbios.  A BP já deixou vazar milhares de barris de petróleo no Golfo do México depois de uma explosão na plataforma Deepwater Horizon, em abril de 2010. 

Saiba mais:

Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, “Sexto Relatório de Avaliação”, março de 2023, https://www.ipcc.ch/assessment-report/ar6/

InfluenceMap, “Agenda real das grandes petrolíferas sobre mudanças climáticas: como as grandes empresas petrolíferas gastaram US$ 1 bilhão desde Paris em captura narrativa e lobby sobre o clima”, março 2019, https://influencemap.org/report/How-Big-Oil-Continues-to-Oppose-the-ParisAgreement-38212275958aa21196dae3b76220bddc.

“‘Quando a maré dobrar, a mancha vai entrar’” – Sumaúma Jornalismo do Centro do Mundo: https://bit.ly/40KXYHR 

“BP – Deepwater Horizon oil spill” – Britannica: https://bit.ly/2G5px7j

Investidor Petrobrás 2023 mostra 46,84% nas mãos de investidores não-brasileiros: bit.ly/3qazKZq

Revealed: the 20 firms behind a third of all carbon emissions – The Guardian: bit.ly/3q9cICs

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