Manguezais da foz do Amazonas são ricos e frágeis

Em decisão técnica e não política, o IBAMA já negou a concessão de licença para prospecção de petróleo na foz do Amazonas, a 160 km do Oiapoque, em 2023. No entanto, a Petrobrás continua insistindo, alegando que, em caso de vazamento, não afetaria a costa do Brasil, “apenas” outros países caribenhos (Barbados, Granada, Guiana, Santa Lúcia, São Vicente e Granadinas, Suriname, Trinidad e Tobago e Venezuela, além da Guiana Francesa e Martinica). Como assim? Sem justificativa plausível, a Petrobrás tenta ignorar os riscos e ainda abafar a profunda crise climática global causada principalmente pela exploração de petróleo.

CIÊNCIA DIZ NÃO PARA EXPLORAÇÃO NA FOZ

O Ministério do Meio Ambiente possui um relatório científico conduzido por pesquisadores do Museu Paraense Emílio Goeldi, da UFPA (Universidade Federal do Pará) e do Iepa (Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá) sobre a vulnerabilidade da região da foz do rio Amazonas em caso de vazamento de petróleo, desde 2016. Este documento, que já tem oito anos, foi resgatado e apresentado por cientistas durante a 76ª reunião anual da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), realizada em Belém no início de julho.
Com evidências científicas, os resultados mostraram que qualquer derramamento de petróleo afetaria a biodiversidade da foz como um todo, com impactos para todas as comunidades locais:

  1. Os ecossistemas da região da foz possuem alta capacidade para absorver hidrocarbonetos.
  2. Os recifes de corais e a costa são extremamente sensíveis ao óleo.
  3. A limpeza do maior cinturão ininterrupto de áreas úmidas do mundo seria extremamente difícil, pois manguezais e várzeas retêm mais poluentes e seria inviável utilizar maquinários.

Outros estudos seguem a mesma linha e aprofundam pesquisas sobre os recifes da foz do Amazonas, que funcionam como corredor ecológico para espécies aquáticas, ajudando-as a atravessar a pluma de sedimentos onde deságua o rio Amazonas. Mesmo sem vazamento, essas formações seriam gravemente afetadas, impactando toda a biodiversidade e os meios de vida das comunidades pesqueiras da região.

INDÍGENAS
O Conselho de Caciques dos Povos Indígenas do Oiapoque (CCPIO) também detalhou que 13 mil indígenas, vivendo em 56 comunidades dos povos Karipuna, Galibi Marworno, Galibi Kali’na e Palikur-Arukwayene, seriam impactados pela exploração, causando desequilíbrio desde a água até a atmosfera da região. É necessária uma consulta prévia, livre e informada, o que não foi feito, além de um estudo de impacto detalhado.

Saiba mais:
Foz do Amazonas é supersensível a óleo e exploração carece de dados científicos, dizem pesquisadores – Folha S.Paulo: https://bit.ly/3y5ptlN
Manguezais, corais e terras indígenas: conheça litoral no centro da discussão sobre a exploração de petróleo pela Petrobras no Rio Amazonas – G1: https://bit.ly/3zIXkBj;
Os intrigantes recifes da foz do Amazonas – Fapesp: https://bit.ly/4bN3rC0

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