Capitaloceno ou Corporatoceno

Cientistas colocam em xeque o discurso ideológico do Antropoceno, que atribui à humanidade de forma generalizada a mudança da era geológica da Terra que está direcionando o planeta ao colapso. Com lucidez e coragem, universidades, pesquisadores, historiadores começam a chamar esta era de Capitaloceno ou Corporatoceno. Jason W. Moore, da Universidade de Binghampton, explica o Antropoceno como “uma confusão conceitual e histórica, uma visão neomalthusiana da população, uma interpretação fantasiosa”. Outro estudioso do tema, o autor e ecologista S. Falzi, esclarece que a narrativa por trás do Antropoceno sempre foi referir-se a toda a humanidade para esconder os verdadeiros culpados pelos danos aos ecossistemas e pelas alterações do clima no planeta.

A espécie humana está na Terra há pelo menos 200 mil anos. Os hominídeos ancestrais (Homo neanderthalensis e Homo erectus) tem uma história muito mais longa. Somente de 150 anos para cá, depois da Revolução Industrial e com a aceleração de um sistema econômico que produz a concentração de poder, a maioria das nações capitalistas e suas indústrias passaram a estar na Terra de maneira aceleradamente destrutiva. Com o capitalismo industrial, sociedades capitalistas passaram a mercantilizar diversos aspectos da vida e incentivar a competição no lugar da cooperação, o egoísmo no lugar da generosidade, o ganho pessoal no lugar do bem coletivo, a promover o consumo desnecessário de ciclo rápido e a ignorar a produção de lixo. As emissões de gases do efeito estufa com a queima de combustíveis fósseis cresceram de maneira exponencial, como nunca antes na história do planeta. Controlados pela mídia industrial e pelas produções de cultura de massa, temos aceitado essa maneira de estar na Terra como a única possível. Temos aceitado que um sistema econômico destrua a Terra e coloque milhões em estado de vulnerabilidade para beneficiar muito poucos, por volta de 200 grupos no mundo todo: petrolíferas, indústria de armas, indústria alimentícia, química, agro, de transportes, madeireiras e indústria tecnológica.

Esses grupos são responsáveis pelo esgotamento de recursos naturais, desmatamento e degradação ambiental, poluição da água e do ar, pela máquina de publicidade que incentiva o consumo cego e exibicionismo como se não houvesse amanhã. Esses 200 grupos causam a maior parte da emissão global de CO2 e da destruição, mas atuam com lobbies políticos e acadêmicos, influência direta em governos e forte trabalho de marketing, garantindo impunidade, consumo crescente, cego e acelerado.

Em excelente artigo escrito por Ladislau Dowbor que acompanha outras pesquisas internacionais, o economista explica que as corporações não são meramente “agentes econômicos em um contexto de liberdade de mercado, mas que constituem um poder efetivo de determinação social e política”. E ele mostra como no Brasil e no mundo são pequenos grupos que geram desigualdade, injustiça social e climática, exploração e crimes contra a Natureza e a humanidade.

Saiba mais:
“O “Antropoceno”: uma estranha ideologia a serviço do status quo” – Jornal da USP: https://bit.ly/3LW5KsC
“Quem controla a economia brasileira” – Outras Palavras: https://bit.ly/45qgYwm
Ecofascismo: em defesa do planeta, movimento prega xenofobia e ‘limpeza’ – TAB UOL: https://bit.ly/3wUY8fx

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