O reservatório da usina de Belo Monte triplicou as emissões de gases de efeito estufa (GEE) em Altamira, no Pará. Estudo publicado na Science Advances analisou o intervalo de 10 anos, comparando dados de antes, durante e depois da construção de Belo Monte. A conclusão da pesquisa comprova que mesmo as hidrelétricas do tipo “fio d ‘água” emitem toneladas de GEE.
Dailson Bertassoli Jr., pesquisador do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo (IGc-USP) e coautor desse estudo feito em parceria com outras universidades*, explica que para cada megawatt-hora produzido em Belo Monte, a emissão equivalente fica entre 15 e 55 kg de CO2 (varia conforme a estação do ano).
O pesquisador da Linköping University e também autor do estudo Henrique Sawakuchi explicou à Agência FAPESP: “O Xingu é um rio de água clara, o que permite maior penetração da luz do sol. Com isso ocorre maior produção de algas, que depois viram matéria orgânica e geram metano”.
As emissões de GEE não têm sido bem estimadas nos projetos de hidrelétrica no país. “É provável que estejam vendendo crédito de carbono que não estão mitigando”, conclui Henrique.
*Linköping University (Suécia), University of Washington (Estados Unidos) e da Universidade Federal do Pará (UFPA)
Saiba mais:
“Após a construção do reservatório de Belo Monte, emissão de gases de efeito estufa triplicou no local” – Agência FAPESP: https://bit.ly/3kIvmvV
“How green can Amazon hydropower be? Net carbon emission from the largest hydropower plant in Amazonia” – Science Advances: https://bit.ly/3zgGYu8