“Não é questão de analisar quanto choveu a mais ou a menos no ano passado ou nos últimos três anos, ou como vai chover no ano que vem. Governos funcionam para proteger a sociedade de todas essas questões no médio e de longo prazo”, explica o cientista Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física da USP, membro do IPCC da ONU, em debate sobre a crise hídrica e energética. “O Brasil, particularmente no setor energético, continua errando no sentido de não aproveitar o gigantesco potencial de geração eólica e solar que nós temos no Nordeste brasileiro e também com a geração eólica offshore ao longo de toda nossa costa”.
O governo federal já deveria ter feito um Plano Estratégico de Energia integrando as mudanças climáticas, pois a crise hídrica e as mudanças do clima no Brasil já estavam previstas faz tempo. “O país está perdendo uma oportunidade de ouro por falta de planejamento governamental. Isso é mais que óbvio nessa crise. Hoje, a energia solar e a energia eólica tem um custo competitivo e o Brasil tem vantagem em relação a outros países porque eventuais gaps de geração (causados pela intermitência da energia solar e eólica) podem ser supridos pela já instalada capacidade hidrelétrica e sua rede interligada. Isso é utilizar as hidrelétricas como gigantescas baterias”.
Sérgio Leitão, diretor executivo do Instituto Escolhas, faz a mesma defesa da urgência de “realizar uma gestão de risco permanente por causa das alterações do clima, que vieram para ficar”. Em outras palavras, é preciso de uma estratégia de paz e investimento para diversificar a matriz energética e não depender exclusivamente da energia hidráulica. Não adianta bancar o avestruz, o fato é sério, como diz Leitão, “no Brasil atual de manhã falta água e de noite falta luz”.
Saiba mais:
“A crise hídrica – e agora, Brasil?”- https://youtu.be/qlYbn1ZiNeE
“Agência Nacional de Águas declara situação crítica de escassez hídrica em áreas de cinco estados” – G1: https://glo.bo/3i0PdVc“63% consideram que governo tem responsabilidade por crise energética, diz Datafolha” – Folha de S Paulo, https://bit.ly/3zDLjHE
