Os Guarani trouxerm abelhas indígenas de volta pro Jaraguá

Os indígenas Guarani da Terra Indígena Jaraguá, localizada na zona noroeste de São Paulo, trouxeram de volta abelhas nativas que estavam praticamente extintas na região. A reintrodução começou há sete anos e hoje conta com 140 colméias. Além disso, o projeto também envolve o reflorestamento com árvores nativas da Mata Atlântica, essenciais para a sobrevivência dessas espécies. Márcio Verá Mirim, liderança guarani à frente da iniciativa, recebe visitantes para compartilhar conhecimentos sobre a importância do respeito e cuidado com a natureza.

Essas abelhas, que não possuem ferrão, pertencem à tribo Meliponini. Conhecidas como abelhas indígenas, desempenham um papel crucial na preservação ambiental, contribuindo para a biodiversidade e beneficiando toda a cidade.

Ao contrário do que muitos pensam, a meliponicultura — criação de abelhas sem ferrão — existe há séculos. Quando os portugueses chegaram ao Brasil, aprenderam com os povos indígenas o manejo dessas abelhas. Esta é uma prática tradicional em vários biomas brasileiros, sendo cultivada por povos indígenas e comunidades tradicionais em regiões como a Amazônia, o Cerrado e a Caatinga, onde essas abelhas são fundamentais para a polinização de plantas nativas e para a manutenção dos ecossistemas locais. Sagradas para os Guarani, essas abelhas fornecem cera, usada para afastar maus espíritos, e mel e própolis, que são empregados para curar diversas doenças.

As abelhas sem ferrão desempenham um papel vital na polinização de diversas plantas, atraídas por diferentes formas, tamanhos e cores de flores. Por exemplo, a Jataí (𝘛𝘦𝘵𝘳𝘢𝘨𝘰𝘯𝘪𝘴𝘤𝘢 𝘢𝘯𝘨𝘶𝘴𝘵𝘶𝘭𝘢) poliniza as flores de jabuticabeira, abacateiro, aroeira-vermelha entre outras. Já a Uruçu-amarela (𝘔𝘦𝘭𝘪𝘱𝘰𝘯𝘢 𝘳𝘶𝘧𝘪𝘷𝘦𝘯𝘵𝘳𝘪𝘴) poliniza as flores da abóbora e jambo. A Tubuna ou canudo (𝘚𝘤𝘢𝘱𝘵𝘰𝘵𝘳𝘪𝘨𝘰𝘯𝘢 𝘣𝘪𝘱𝘶𝘯𝘤𝘵𝘢𝘵𝘢) prefere girassol, flores de cenoura, canola e erva-mate. A Mandaçaia (𝘔𝘦𝘭𝘪𝘱𝘰𝘯𝘢 𝘲𝘶𝘢𝘥𝘳𝘪𝘧𝘢𝘴𝘤𝘪𝘢𝘵𝘢) é responsável por polinizar o pimentão, a pimenta-malagueta, o tomate, a acerola e a goiabeira. A Mandaguari-amarela (𝘚𝘤𝘢𝘱𝘵𝘰𝘵𝘳𝘪𝘨𝘰𝘯𝘢 𝘱𝘰𝘴𝘵𝘪𝘤𝘢) poliniza o cajueiro, o cacau e o abacateiro, a Borá (𝘛𝘦𝘵𝘳𝘢𝘨𝘰𝘯𝘢 𝘤𝘭𝘢𝘷𝘪𝘱𝘦𝘴) as flores da mangueira e da paineira, a Mirim (𝘗𝘭𝘦𝘣𝘦𝘪𝘢 𝘥𝘳𝘰𝘳𝘺𝘢𝘯𝘢) as pitangueiras, jabuticabeiras, uvaia. A Arapuá (𝘛𝘳𝘪𝘨𝘰𝘯𝘢 𝘴𝘱𝘪𝘯𝘪𝘱𝘦𝘴) gosta das flores da mangueira, da goiabeira, do abacateiro e a Marmelada (𝘍𝘳𝘪𝘦𝘴𝘦𝘰𝘮𝘦𝘭𝘪𝘵𝘵𝘢 𝘷𝘢𝘳𝘪𝘢) poliniza flores da acerola e do eucalipto.

Essas abelhas, em sua maioria, constroem ninhos em ocos de árvores ou troncos caídos, mas também se adaptam bem a caixas de madeira. Elas são insetos eusociais, assim como formigas e cupins, o que significa que vivem em colônias altamente organizadas, com divisão de trabalho, sobreposição de gerações e cuidado cooperativo das larvas. As colônias são compostas por uma rainha, operárias e zangões, todos trabalhando em conjunto para garantir a sobrevivência da colmeia.

Este trabalho dos Guarani não só preserva as abelhas nativas, como também ajuda a manter o equilíbrio ecológico e reforça a importância da conservação ambiental nas grandes cidades.

Saiba mais:
Por que os Guarani da cidade de São Paulo trouxeram as abelhas nativas de volta à sua aldeia – Mongabay: https://bit.ly/4g8GfBD
Reintrodução de abelhas: iniciativa Guarani para preservar a Mata Atlântica – Mídia Ninja: https://bit.ly/4cRMfvP
Indígena guarani traz de volta abelhas nativas que haviam desaparecido do Jaraguá – Folha de S. Paulo: https://bit.ly/4cTlUh1

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