Mato Grosso do Sul, o estado desmatador está sem água

O Mato Grosso do Sul passou as últimas décadas desmatando como se não houvesse amanhã. E continua. Em julho deste ano, o Pantanal pegou mais fogo que nos últimos 20 anos. Se em 2020 ficamos devastados assistindo 16,5% do bioma incendiado, que nos preparemos para números ainda piores este ano. Não à toa, o Pantanal que era conhecido por ter a maior superfície “alagada” do planeta, perdeu 74% de sua superfície de água. Agora falta água. No Mato Grosso do Sul, o Secretário Estadual de Meio Ambiente Jaime Verruck alerta que o racionamento já é inevitável.

Agora vamos falar dos responsáveis? No ano passado, o Mato Grosso do Sul abateu 3,1 milhões de bovinos e exportou 212 mil toneladas de carne. Os pecuaristas festejaram o lucro recorde e mais uma vez ignoraram o tamanho do estrago que estão deixando no estado. E não é só boi, o MS também é um dos maiores no abate de porco do mundo. Só no primeiro trimestre desse ano, os produtores do estado exportaram 7,5 mil toneladas de carne suína, o maior volume da última década, e faturaram só com porco mais de 13 milhões de dólares (cerca de 70 milhões de reais). A expansão do setor está diretamente ligada ao desmatamento e deterioração de mananciais no estado. Até agora, o lucro tem sido dos donos dos latifúndios que se expandem com grilagem de terra, desmatamento e uso irracional da água, mas o prejuízo tem ficado para todos.

*O estado tem ignorado o Princípio do Poluidor-Pagador (Lei 6938/81) que estabelece a imposição “ao poluidor e ao predador da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados”. Também tem ignorado o artigo 225 da Constituição Federal que estabelece que “as atividades e condutas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, às sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados”. *

Hoje até o abastecimento humano no estado está em risco. Os problemas são o desmatamento local, rios e mananciais locais assoreados e secos, que se somam à diminuição do volume de chuva enviada pelos rios voadores (também por causa do desmatamento do setor na Amazônia), ciclo de La Nina e a crise climática.

Saiba mais:


“O desastre do Pantanal e o princípio do poluidor pagador”- Estadão, 09/21: https://bit.ly/3kZbfIA
“Com mercado aquecido, MS bate recorde de exportação de carne suína” G1, 06/21: https://glo.bo/3BRJOHt
“Cidades de Mato Grosso do Sul correm risco de desabastecimento de água” – Correio do Estado – 09/21: https://bit.ly/3yPRTKZ

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