Pelas delegações completas do Sul Global na COP

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Em menos de três meses, Belém será a sede da COP30. A Conferência do Clima chega à Amazônia em um momento decisivo, quando precisamos reconhecer que as políticas atuais são insuficientes para frear o colapso climático. O Acordo de Paris, assinado em 2015, foi celebrado como um marco histórico, mas suas limitações estão escancaradas: metas voluntárias insuficientes, ausência de mecanismos eficazes para reduzir emissões e a abertura de espaço para falsas soluções. Por isso, a COP30 precisa ir além e garantir que os países mais afetados sejam ouvidos, apontando caminhos reais para enfrentar a emergência climática.

O problema é que a legitimidade da COP30 já está comprometida. Dos 186 países esperados, apenas 47 conseguiram hospedagem em Belém. Na ONU, cada país tem um voto, mas, diante dos preços abusivos da rede hoteleira, muitas delegações seguem sem saber como participar. O evento está marcado desde 2023 e é grave naturalizarmos que tantas delegações sejam reduzidas ou excluídas. O Brasil tem responsabilidades como anfitrião, mas não pode ser obrigado a subsidiar sozinho um evento de interesse coletivo mundial. É urgente criar um fundo emergencial de hospedagem para delegações do Sul Global, cofinanciado pelos países ricos, que não podem continuar se eximindo. Essa crise escancara desigualdades e reforça o racismo ambiental em escala global.

Governos e cientistas não podem aceitar uma COP da Elite. A ONU não pode compactuar. O mundo não pode se calar. É inaceitável que delegações dos países mais afetados corram o risco de ser sub-representadas, enquanto as do Norte Global e os lobbies dos maiores poluidores tenham lugar garantido para dirigir a conversa.

Se a COP30 tem um dever histórico, dentro da arena oficial, é garantir a presença das nações que já vivem os impactos da emergência climática. Esses países, atingidos por uma crise provocada pelos super-ricos, levarão pautas urgentes que vão além da redução de emissões. A estabilidade climática não depende apenas do carbono. É preciso regenerar florestas, assegurar justiça social e mudar a forma como habitamos a Terra. Sem transformar o modelo econômico vigente, nenhuma meta de carbono conterá o colapso climático.

Amazonizando a COP – Sumaúma Jornalismo e Claudia Antunes: https://www.instagram.com/p/DNq-QIEXu-J/

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