Ribeirão do Onça

Pouca gente sabe, mas Belo Horizonte abriga uma queda d’água de 31 metros em plena Zona Norte. É a maior cachoeira em uma capital brasileira. No bairro Novo Aarão Reis, o Córrego do Onça, afluente do Rio das Velhas, já foi ponto de encontro, banho e lazer da comunidade. Com a expansão da cidade, vieram a poluição, o mau cheiro e as enchentes.

Foi nesse cenário que, há mais de 20 anos, o Conselho Comunitário Unidos pelo Ribeiro de Abreu (Comupra) e o Movimento Deixem o Onça Beber Água Limpa começaram a transformar a realidade do ribeirão e dos bairros em suas margens, como Ribeiro de Abreu, Ouro Minas e Novo Aarão Reis.

Em 2014, o Comupra apresentou à Prefeitura a proposta de criação de um parque ciliar às margens do Onça. A ideia era unir preservação ambiental com lazer. Desde então, os moradores vêm construindo o Parque Ciliar Comunitário do Ribeirão do Onça, com apoio de universidades e escolas. Mais de 900 famílias já foram realocadas, e outras 600 passarão pelo mesmo processo. Nos espaços liberados nasceram agroflorestas, pomares, hortas, campinhos, parquinhos e o Espaço Vitrine, que recebe atividades culturais e também o Festival da Onça.

É nesse espírito que acontece o Festival da Onça 2025. Até sexta-feira, a programação traz mutirões, oficinas, rodas de conversa e exposições de arte. No fim de semana, dias 6 e 7 de setembro, tem shows, cortejo, mural, samba, DJs e o lançamento do Mirante da Cachoeira. Entrada gratuita.

Para saber mais, a revista Manuelzão da UFMG, em sua edição de junho, traz um especial sobre a meta de revitalizar a Bacia do Velhas e apresenta detalhes sobre o Onça. Leitura imperdível: abre.ai/limpando-onca.

A pressão popular também trouxe avanços na despoluição. A inauguração das estações de tratamento de esgoto do Ribeirão Arrudas, em 2001, e do próprio Onça, em 2010, reduziu as mortandades de peixes e melhorou a qualidade da água na região metropolitana. Ainda falta muito para o rio se tornar espaço de lazer pleno. Mas a meta é clara: alcançar a Classe 1, quando a água poderá ser potável após tratamento simplificado e segura para banho. Recuperar rios urbanos é possível quando ciência e mobilização social caminham juntas.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *