Quente demais

O planeta enfrenta 12 meses consecutivos de calor sem precedentes. A Organização Meteorológica Mundial (OMM) alerta que vamos exceder 1,5°C acima do nível pré-industrial já este ano (1). O Secretário-Geral das Nações Unidas, António Gutierrez, fala que as lideranças seguem cavando uma “estrada para o inferno climático” e defende que as petroleiras arquem com os esforços para combater o aquecimento global causado por elas (2).

Por milhares de anos, a natureza regulou a concentração de gases na atmosfera que retêm o calor emitido pela Terra e agem como uma estufa, permitindo a vida no planeta. Isso começou a mudar após a Revolução Industrial, quando indústrias passaram a queimar combustíveis fósseis como fonte de energia, promovendo o consumo e o descarte em massa. Esse processo causou um aumento exponencial das emissões não naturais de gases do efeito estufa. Em apenas 150 anos, o planeta ficou coberto por uma densa camada de gases que aprisiona o calor do Sol (3).

Uma pesquisa (4) publicada pela Science reconstruiu a temperatura do planeta nos últimos 11 mil anos e chegou a mesma conclusão que relatórios já vinha alertando: no século XX a Terra aqueceu mais do que em qualquer outro momento desde o fim da última era glacial.

QUEM SÃO OS PRINCIPAIS POLUIDORES?
Dados mostram que 100 empresas de combustíveis fósseis são responsáveis por 70% das emissões de gases efeito estufa históricas de todo o planeta e as 20 maiores Petrolíferas e Companhias de Gás são responsáveis por um terço de toda essa emissão sozinhas (5). A americana Chevron, sozinha, tem emissões projetadas equivalentes às emissões anuais de 364 usinas a carvão, e mais do que as emissões de 10 países europeus combinadas por um período semelhante de três anos (6).

Apesar de todos conhecerem esses dados, a indústria do petróleo investe milhões de dólares para persuadir tomadores de decisão, acionistas e o público de que leva a sério a ação climática (7).

O relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, IPCC* deixa claro: se ultrapassarmos 1,5 grau Celsius de aquecimento as consequências serão irreversíveis e estamos perigosamente perto da beira do precipício. O mundo enfrentará uma crise humanitária sem precedentes.


O IPCC conta com a revisão de 270 autores-pesquiadores de 67 países e mais outros 675 colaboradores ao redor do mundo debruçados sobre mais de 34 mil artigos e 62 mil comentários de países para organizar a análise científica

Saiba mais:
(1) ONU / OMM – Relatório Global Annual to Decadal Climate Update: Target Years 2024-2028 da https://library.wmo.int/idurl/4/68910
(2) ONU: Guterres pede imposto sobre lucros de petroleiras para bancar combate à mudança do clima – Estadão: https://bit.ly/3VuCqON
(3) IPCC AR6 Synthesis Report: Summary for Policymakers 2023 – https://bit.ly/3NIq94n
(4) SCIENCE – Marcott, S., Shakun, J. et al. “A Reconstruction of Regional and Global Temperature for the Past 11,300 Years”, 2013: DOI: 10.1126/science.1228026
(5) THE NEW YORK TIMES: “For Our Future, the Oil and Gas Industry Must Go Green” – https://nyti.ms/2WqXh5n
(6) CORPORATE ACCOUNTABILITY: “A agenda lixo de ação climática da Chevron e como ela intensifica os danos globais”, 2023: bit.ly/3IE7EMA
(7) INFLUENCEMAP – “Agenda real das grandes petrolíferas sobre mudanças climáticas: como as grandes empresas petrolíferas gastaram US$ 1 bilhão desde Paris em captura narrativa e lobby sobre o clima”, março
2019, https://bit.ly/44dwsDV

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