Zumbi dos Palmares

Mais de 4,5 milhões de pessoas de diferentes etnias e classes sociais foram trazidas à força da África para o Brasil e vendidas como mercadorias no tráfico humano entre os séculos XVI e XIX. Entre elas, havia figuras importantes, algumas até de linhagem nobre. Já aqui, resistindo à escravidão e à opressão colonial, muitos fugiram para regiões remotas, de difícil acesso para capatazes e forças armadas.

Ainda a bordo dos navios negreiros, a ideia de estabelecer comunidades livres já se tornava urgente. O Quilombo de Palmares começou a se formar por volta de 1590, há mais de 400 anos, na Serra da Barriga, entre Alagoas e Pernambuco. Palmares tornou-se uma das comunidades autônomas mais famosas, abrigando mais de 20 mil pessoas simultaneamente (mais populoso que algumas grandes cidades da época), com uma organização econômica e política própria. Ali, os moradores plantavam, beneficiavam mandioca, caçavam, pescavam, coletavam frutas, construíam casas de pau-a-pique e fabricavam munição para a defesa, protegendo assim o direito de viver em liberdade.

Nosso herói, Zumbi, nasceu em 1655. Quando criança, foi capturado e entregue a um missionário católico, que o ensinou português e latim. Aos 15 anos, Zumbi conseguiu escapar de forma corajosa e retornar a Palmares. Tinha instinto de guerreiro e logo mostrou suas habilidades estratégicas. Ganga Zumba, que era de família nobre congolesa (parente da princesa Aqualtune), era líder do quilombo e apadrinhou Zumbi. Com o tempo, o guerreiro se tornou o grande comandante das forças de defesa de Palmares. Sua companheira, Dandara, também era guerreira. Viva o espírito de Zumbi, de Dandara e a memória do Quilombo de Palmares!

Os quilombos são parte fundamental da cultura brasileira, influenciando a culinária, música, religiões e celebrações. Palmares, em especial, é cantado em músicas como “Zumbi”, de Jorge Ben Jor, e “O Canto das Três Raças”, de Clara Nunes.O filme “Quilombo” (1984), de Cacá Diegues, além de ser uma obra essencial, é um filmaço.

Precisamos enfrentar nosso passado, ligado de forma umbilical à escravidão. Conhecer figuras como Zumbi nos ajuda a entender o passado, enfrentar o racismo estrutural e construir uma sociedade mais justa.

Saiba mais:
Schwartz, Stuart. Mocambos, Quilombos e Palmares: a resistência escrava no Brasil colonial. Estudos Econômicos (São Paulo), 1987: https://abre.ai/lnJI
Território brasileiro e povoamento – IBGE: https://abre.ai/lnJG
Parque Memorial Quilombo dos Palmares: https://abre.ai/lnK3
Quilombo (1984) – Cacá Diegues: https://abre.ai/lnJE
Música Afro-brasileira: https://abre.ai/lnKi

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