Enquanto a recomendação para uma vida saudável é comer pelo menos 30 tipos de plantas diferentes por semana, “quatro bilhões de pessoas têm sua alimentação quase exclusivamente baseada em arroz, milho e trigo” – é o que diz Ricardo Abramovay em artigo que discute como a indústria empobreceu a nossa dieta.
Hoje, as prateleiras estão cheias de produtos ultraprocessados, todos feitos com os mesmos ingredientes: milho, trigo, soja e outros refinados. Essa padronização reduz a biodiversidade da nossa dieta e nos deixa com deficiência de nutrientes essenciais. Além disso, esses produtos viciantes aumentam o risco de doenças. Estudos confirmam a relação entre o consumo de ultraprocessados e o desenvolvimento de diabetes tipo 2, além de outras 30 doenças e da morte precoce.
Esse cenário é fruto de um agronegócio centrado em monoculturas insustentáveis, com venenos e práticas que esgotam o solo e as águas, ameaçando nossa segurança alimentar. Esse modelo favorece a produção em alta quantidade, a baixo custo e de baixa qualidade, limitando a variedade de alimentos em todo o mundo.
Para piorar, no Brasil, são usados muitos agrotóxicos proibidos em outros países, que acabam até nos produtos de supermercado. Denúncias de trabalho análogo à escravidão, desde o campo até as fábricas, mostram a realidade por trás das embalagens coloridas e das campanhas publicitárias.
“A monotonia e a falta de variedade dos produtos ultraprocessados são dos principais vetores da pandemia global de obesidade. Ao mesmo tempo, a homogeneidade dos ambientes agropecuários acelera a erosão da diversidade genética”, explica Abramovay.
Saiba mais:
Não se engane, a variedade das prateleiras de supermercado é pura monotonia – https://bit.ly/2Vq5Wp2
Em parceria com Harvard e outras universidades, estudo reforça associação entre ultraprocessados e diabetes – USP: https://abre.ai/lsAi
Evidências científicas associam alimentos ultraprocessados a morte precoce e mais de 30 doenças – USP: https://abre.ai/lsAh