Couro de desmatamento ilegal tem sido vendido com facilidade no mercado global, usando esquemas de atravessadores internos que transportam curtume de produtores da Amazônia, fazem de conta de que são produzidos em áreas legalizadas com o objetivo de ocultar a origem do material e forjam documentos para conferir aparência de legalidade.
Reportagem publicada no New York Times durante a COP-26 trouxe mais uma vez à tona as ilicitudes da indústria da carne do Brasil que avança na Amazônia Legal. A partir do levantamento da documentação de toneladas de couro brasileiro vendidos pelos três maiores frigoríficos do país –a JBS, a Mafrig e a Minerva– e comprados por montadoras de carros de luxo nos Estados Unidos, a reportagem revelou as falhas do sistema de monitoramento do país.
O couro é usado para forrar bancos de couro em picapes, SUVs e veículos de alto padrão vendidos pelas fabricantes americanas Ford e General Motors, assim como pela fabricante alemã Volkswagen. “Este comércio de couro mostra como os hábitos de compra de luxo estão ligados à degradação ambiental nos países em desenvolvimento, neste caso, ajudando a financiar a destruição da Amazônia, apesar de sua valiosa biodiversidade e do consenso científico de que protegê-la ajudaria a desacelerar as mudanças climáticas”.
Em um caso revelado pela reportagem, a JBS diz que vai melhorar seu sistema de rastreamento e promete doar indenização aos estados que tiveram suas florestas devastadas. Ora, JBS, não há indenização que pague pelo impacto deste negócio sujo e recupere, do dia para noite, áreas inteiras. Qualquer projeto sério de reflorestamento leva mais de cinco décadas para recuperar tanta destruição.
Saiba mais:
“How Americans’ Appetite for Leather in Luxury SUVs Worsens Amazon Deforestation”- NYTimes: https://nyti.ms/3DPrmR9
“Como bancos de couro de SUVs impulsionam o desmatamento da Amazônia” – Tradução Portal Terra: https://bit.ly/3r3Fjar