O ponto de não retorno (ou “tipping point”, em inglês) da Amazônia é um conceito usado para descrever o momento em que a Floresta Amazônica pode atingir um limiar crítico de desmatamento, levando a incapacidade do próprio ecossistema se regenerar.
As pressões têm sido muitas: o desmatamento com a expansão cega do agronegócio e da pecuária, a exploração madeireira insustentável, o crescimento acelerado do extrativismo predatório mineral e do garimpo. Esses setores têm avançado em passos largos sobre territórios de comunidades tradicionais e florestas da União.
Instituições ligadas ao clima e às Ciências Terrestres revelam, com base em pesquisas do mundo todo, o impacto da destruição da Amazônia no ciclo hidrológico. Os rios voadores que transportam vapor d’água da floresta para o resto do país estão perdendo sua força. Isso tudo combinado às mudanças climáticas e incêndios florestais, provocados principalmente por ações de grileiros, está nos direcionando para um ponto de colapso da floresta.
O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) introduziu o conceito de “tipping-point” há 20 anos, para enfatizar a necessidade de ação conjunta global para evitar uma tragédia com eventos climáticos extremos, fome e doenças. Os prejuízos sociais e econômicos podem ser devastadores.
Mesmo assim, a cada ano, temos engolido a transformação da floresta densa em um ecossistema mais aberto sob a desculpa de um falso desenvolvimento imposto por esses setores com forte influência no governo e na mídia. Este “des-envolvimento” (o prefixo latino “des” significa separação, afastamento) tem acarretado em um distanciamento entre os seres humanos e a natureza.
São necessárias ações urgentes e efetivas para proteger a floresta em pé e seus povos. Os movimentos sociais dos povos Pan-Amazônicos querem discutir um modelo ao des-envolvimento. Ações e soluções com tecnologias sociais que promovam alternativas sustentáveis para a região. Trata-se de fortalecer de verdade quem mora na floresta, as comunidades locais e os povos indígenas, para que eles tenham condições para conservar e gerir os recursos naturais.
Saiba mais:
“Climate tipping points – too risky to bet against” – Nature: https://go.nature.com/3fV9Tvm
Floresta paga o preço pela crise vivida pelo país – Valor Econômico: https://goo.gl/6Jbgnk\
“Amazon Tipping Point”, Science Advances, Thomas Lovejoy e Carlos Nobre: http://bit.ly/2JWP5VyO Futuro Climático da Amazônia – Relatório de Avaliação Científica: Antonio Donato Nobre, INPE:http://www.ccst.inpe.br/o-futuro-climatico-da-amazonia-relatorio-de-avaliacao-cientifica-antonio-donato-nobre/
