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A Transparência Internacional Brasil revelou que os dados públicos estaduais usados para monitorar crimes ambientais, como desmatamento, garimpo e grilagem, estão incompletos, desatualizados e mal organizados. Por exemplo, o Cadastro Ambiental Rural (CAR) tem apenas 53% de seus dados disponíveis, enquanto o Guia de Trânsito Animal não fornece nenhuma informação.
A investigação de crimes ambientais funciona como uma busca por pistas e informações. Por exemplo, se uma analista do IBAMA quiser investigar a relação entre a abertura de uma estrada ilegal que cruza uma floresta da União em dois estados e crimes como desmatamento e grilagem, sua pesquisa será prejudicada pela falta de integração entre os bancos de dados estaduais. Muitas bases públicas no Brasil sequer “conversam” entre si. Sem padrões claros que conectem as informações, fraudes se tornam mais fáceis, investigações ficam enfraquecidas, e políticas ambientais deixam de ser baseadas em evidências.
Com dados bem organizados, é possível encontrar onde as informações se cruzam e preencher o que está faltando. Se um dado for georreferenciado (com a localização exata de uma área desmatada), ele pode ser combinado com outros, como autorizações de manejo, multas ambientais ou registros de CPF no CAR. Essa teia de informações é essencial para rastrear atividades ilegais e entender como elas se conectam.
Além disso, quando os dados não estão acessíveis ou atualizados, os cidadãos perdem ferramentas importantes para monitorar ações públicas e cobrar mudanças. Sem transparência, as decisões ficam escondidas, e quem comete crimes ambientais ganha espaço para agir impunemente.
O estudo da Transparência Internacional recomenda que as bases de dados sobre crimes ambientais sejam atualizadas regularmente, completas, legíveis por máquinas (para facilitar análises), publicadas em formatos livres (que não exijam programas pagos) e com licenças abertas para acesso universal.
Saiba mais:
Estudo revela falhas na transparência de dados sobre crimes ambientais – Transparência Internacional Brasil: https://abre.ai/lUgY