Atraído pelos vários rios que cercam a pequena cidade no oeste baiano, o agronegócio chegou em Correntina algumas décadas atrás tomando posse de terras, ameaçando o povo, sem seguir lei muito menos respeito. De 20 anos pra cá, conforme relato de Jandira Lopes da Articulação do Semiárido-ASA, os rios de Correntina começaram a secar.
Em 2015, a crise hídrica já atingia a população de 30 mil moradores. Mesmo assim, naquele ano, o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) concedeu à Fazenda Igarashi o direito de retirar do rio Arrojado 106 milhões de litros de água por dia (uma vazão de 182.203 m³/dia, durante 14 horas/dia, para a irrigação de 2.539,21 hectares), o suficiente para abastecer a população toda durante um mês. Apesar dos protestos da população, nada foi feito.
Cansada de passar sede, no Dia de Finados de 2017, a população organizou uma revolta popular, entrando nas fazendas Igarashi e Curitiba para quebrar as instalações de equipamentos que tiravam a água dos mananciais e os ineficientes pivôs centrais de irrigação.
Fica aqui nossa homenagem ao povo de Correntina e um alerta sobre o esgotamento hídrico causado pelo agronegócio em diversos municípios do país. A sede não gera solidariedade, sem água tudo morre. A sede é fonte de conflitos, revoltas e, até, guerras.
Saiba mais:
“Pesquisador da Fiocruz Pernambuco fala sobre o protesto em Correntina (BA) contra o uso indiscriminado de água para irrigação” – EcoDebate: https://bit.ly/2HRZQef
“Correntina: as Guerras da Água chegam ao Brasil” – Outras Palavras: https://bit.ly/38alNQ7