Uma pesquisa realizada pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) calculou que só os manguezais fluminenses estocam mais de 6,8 milhões de toneladas de carbono. O estudo comprovou a eficiência fotossintética das plantas desses ecossistemas que são capazes de capturar e armazenar grandes quantidades de CO2, contribuindo para a regulação do clima global.
Mas por que os manguezais estocam tanto carbono? Porque as plantas dessas áreas úmidas desenvolveram estratégias para minimizar a perda de água através da transpiração. Ao evitar a perda excessiva de água, as plantas conseguem manter suas células hidratadas e continuar realizando a fotossíntese de forma mais eficiente. Enquanto isso, as raízes aéreas ajudam as plantas a obterem oxigênio em solos saturados de água salgada (onde o oxigênio é escasso), transportando-o para as raízes submersas. Graças a essas adaptações, conseguem realizar fotossíntese aeróbica mesmo em ambientes encharcados de água salgada. O CO2 capturado durante a fotossíntese é utilizado para o crescimento e a produção de biomassa das plantas, que se acumula ao longo do tempo nos sedimentos do manguezal.
Outra característica exclusiva dos mangues é a alta taxa de acúmulo de matéria orgânica no solo e nos sedimentos. As folhas caídas, os restos de plantas e outros detritos orgânicos se decompõem lentamente em condições anaeróbicas (com baixa disponibilidade de oxigênio), o que impede que o CO2 resultante da decomposição seja liberado de volta para a atmosfera como ocorreria em ambientes terrestres. Esse acúmulo de matéria orgânica nos sedimentos dos manguezais resulta em um estoque significativo de carbono armazenado no solo!
A presença de água salobra e a salinidade do solo também ajudam a reter carbono. A interação entre os compostos orgânicos dissolvidos na água salobra e os sedimentos pode ajudar a estabilizar o carbono no solo, tornando-o menos disponível para a decomposição microbiana.
Com as mudanças climáticas, os manguezais têm ainda uma outra importante função: reduzir a força das grandes ondas e proteger toda zona costeira, absorvendo impactos e reduzindo a intensidade das ressacas marítimas, tempestades com ventos fortes, ciclones e tsunamis. Além disso, seu efeito esponja, capaz de absorver o excesso de água e armazenar chuva, reduz as inundações nas comunidades costeiras.
Saiba mais:
“Manguezais do Rio estocam o equivalente a R$ 500 milhões em créditos de carbono, aponta estudo inédito” – O Globo: https://bit.ly/43Ke4lf
Áreas Úmidas: Chave para enfrentar a mudança do clima: https://bit.ly/3u9Eu0Q
Áreas Úmidas reduzem impacto das grandes ondas: https://bit.ly/3NAREL0