Todo Dia é Dia da Amazônia, de seus povos, da floresta com toda sua vida, da parte amazônica do ciclo hidrológico, dos rios voadores bombeando água para o sul/sudeste do continente, de agradecer o serviço ambiental da maior floresta tropical do mundo na regulação do clima da Terra.
Nos últimos quatro anos, o desmatamento está completamente fora de controle. Só no ano passado, mais de 500 milhões de árvores da Amazônia foram derrubadas e o governo não fez nada para impedir. A emissão de CO2 por causa das queimadas já faz com que a floresta emita mais gás carbônico do que consegue absorver. Como falou o Cacique Raoni, de 90 anos, no G7, embaixo do nariz de todos os poderosos países mais ricos e industrializados do mundo, a Amazônia está se transformando em cinza, fumaça e fuligem.
Todas as áreas de proteção e indígenas estão ameaçadas, centenas de espécies já entraram na lista de extinção. Os povos da Amazônia estão sendo atropelados, comunidades têm sido sistematicamente ignoradas em nome de um desenvolvimento que não desenvolve, que não traz saneamento para todos, que não traz escolas nem hospitais, mas justamente o oposto, que massacra, expulsa, tira a casa, a família, o modo de vida e a dignidade.
As sociedades na Amazônia datam de muito antes de qualquer governo brasileiro. Há provas históricas com mais de 6.000 anos, intensificando-se nos últimos 2.500 anos. Os indígenas da Amazônia domesticaram 85 espécies de árvores (plantas que até hoje predominam na região), além de deixar a região repleta de terra preta.
Queremos a floresta em pé!
O pesquisador e cientista Antonio Nobre, do INPE, aborda a relação da floresta e clima:
– A floresta transpira 20 trilhões de litros de água por dia: as árvores reciclam a água da chuva, bombeando pelas raízes a água infiltrada no solo para a atmosfera, o que mantém o ar úmido por mais de 3 mil km continente adentro;
– A floresta produz chuvas gentis e abundantes: a mágica condensação de todo esse vapor diário transpirado pela floresta acontece graças a poeira finíssima formada pelo aroma das plantas, que ajuda a formar nuvens;
– A floresta suga o ar úmido sobre o oceano, pois acima dela (graças à transpiração e condensação) produz um rebaixamento da pressão atmosférica;
– A floresta exporta rios aéreos de vapor que transportam chuvas para irrigar regiões distantes no verão hemisférico;
– A floresta impede eventos climáticos extremos: o rugoso dossel florestal formado pelas copas de todas as árvores juntas atenua a violência atmosférica, dosando, dissipando e distribuindo a energia dos ventos.
Saiba mais:
O Futuro Climático da Amazônia – Relatório de Avaliação Científica: Antonio Donato Nobre, INPE: https://bit.ly/2C16IPi