Aquífero e lençol freático não são a mesma coisa

[HIDROGEOLOGIA] Os gregos já intuíam a existência de uma “caverna subterrânea” para explicar como rios e nascentes mantinham tanta água. Tales de Mileto (624 a.C – 546 a.C) e Platão (427 a.C – 347 a.C) estavam no caminho certo. Mil anos depois, René Descartes (1596 – 1650) também admitia o conceito de “caverna subterrânea” de água. A partir do século XIX, a ciência avançou muito no estudo das águas subterrâneas. Hoje, conseguimos descrever melhor o ciclo hidrológico e a formação desses grandes reservatórios no subsolo.

Para entender a diferença entre lençol freático e aquíferos, é importante compreender as etapas da infiltração da água. Após a chuva, a água infiltra no solo e desce lentamente (processo chamado de percolação), ocupando os espaços entre as partículas do solo. Inicialmente, ela passa pela zona insaturada ou zona de aeração, onde os poros do solo contêm tanto ar quanto água. Nessa zona, a água pode se apresentar de diferentes formas: 1) água higroscópica, aquela que se adere às partículas do solo; 2) água gravitacional, aquela que desce pelos poros vencendo a gravidade; 3) franja capilar, onde a água é puxada para cima por forças capilares, sendo aproveitada pelas plantas.

Abaixo dessa zona, entramos na zona saturada, onde os espaços entre as partículas estão completamente cheios de água. É nessa região que estão os lençóis freáticos e os aquíferos livres (ou não-confinados). Quando o lençol subterrâneo possui uma superfície livre sujeita à pressão atmosférica, ele é chamado de lençol freático (do grego phreatos, que significa poço). A superfície freática, por sua vez, marca o limite superior dessa zona saturada. Esse lençol também alimenta rios e lagos subterraneamente, em um fluxo que varia conforme as chuvas e a retirada de água para uso humano.

Indo ainda mais fundo numa profundidade de dezenas ou até centenas de metros (a depender do tipo de solo e condições geológicas), encontramos os aquíferos confinados, que são reservatórios bem maiores de água que fica presa entre camadas impermeáveis de rocha. Por estar submetida a pressões superiores à atmosférica, a água desses aquíferos pode jorrar de forma espontanea quando é feita uma perfuração.

Saiba mais:

Elementos de Hidrologia Aplicada, de Antenor Rodrigues Barbosa Jr. Capítulo 11, páginas 383-426 – São Paulo, 2022. Editora Edgard Blücher Ltda.  
Hidrologia Básica, Nelson L. S. de Pinto. Capítulo 6, páginas 82-107 – São Paulo, 18a. impressão, 2017. Editora Edgard Blücher Ltda. 
Mapa da Disponibilidade Hídrica dos Sistemas Aquíferos do Brasil – ANA: https://abre.ai/lS9g

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