Investigação feita pelo jornal britânico The Guardian com pesquisadores do observatório transnacional sem fins-lucrativos Corporate Accountability, com sede nos Estados Unidos, analisou os 50 principais projetos de compensação de emissões que vendem créditos de carbono no mercado global e concluiu que a maioria dos créditos vendidos podem ser classificados como “lixo”, pois não garantem cortes adicionais e permanentes de gases do efeito estufa. Os mercados de carbono são uma grande fraude que dá aos Grandes Poluidores uma licença para poluir cada vez mais, ou seja, para continuar seus negócios como se não houvesse necessidade de diminuir emissões.
O sistema de classificação avaliou se cada projeto de compensação poderia realmente levar aos prometidos cortes adicionais e permanentes de emissões, promover benefícios ambientais reais e conservação florestal. A conclusão foi um evidente não. Entre as experiências analisadas, o relatório cita a barragem de Teles Pires, na Amazônia, lembrando que além de não conduzir a redução nova ou adicional de emissões, esta e outras grandes barragens têm sido associadas a disputas de terras, deslocações, aumento da pobreza e danos ambientais.
Já estamos sentindo na pele o colapso climático. Apesar dos alertas científicos sobre a urgência da eliminação gradual de combustíveis fósseis, ainda estamos perdendo grandes quantidades de tempo e recursos em esquemas ilusórios baseados em tecnologias que não mudam nada. Estamos deixando passar nossa última oportunidade de evitar uma catástrofe climática total.
Saiba mais:
Revealed: top carbon offset projects may not cut planet-heating emissions – The Guardian, 19/11/23: bit.ly/CarbonCreditJunk