Em maio deste ano, o IBAMA (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente) emitiu um parecer técnico negando pela terceira vez a exploração de petróleo em alto mar na região da Bacia da Foz do rio Amazonas. Na ocasião, a ministra do Meio Ambiente Marina Silva lembrou: “O Ibama tem um parecer técnico que deve ser observado. Nós já demos mais de 2.000 licenças para a Petrobras ao longo dos tempos. Se as licenças dadas não foram ideológicas, as licenças negadas também não são ideológicas”.
Porém, o presidente Lula e seu ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, mais enrolados pelo lobby do petróleo que comprometidos pela defesa do clima, pressionaram o Ibama para que a exploração fosse permitida, ignorando os pontos críticos do projeto e as inconsistências para uma operação segura. Em agosto, a presidência deu um golpe com a decisão da Advocacia-Geral da União (AGU) em liberar a exploração de petróleo na foz do Amazonas, passando por cima dos alertas científicos, parecer técnico do Ibama e decisão do Ministério do Meio Ambiente. Mesmo assim, o Ibama ainda tinha a última palavra sobre o assunto.
Acontece que o instituto está encurralado entre pressões do próprio presidente e congresso, que agem com cumplicidade aos interesses do Big Oil (maior poluidor do mundo e maior responsável pela crise do climática), assim como pela opinião pública desenhada dia-a-dia pela mídia que também é cúmplice dos interesses das petroleiras. Na última semana de setembro, o Ibama arregou e liberou a primeira licença para pesquisa de petróleo e gás na área que se estende do litoral do Amapá até o Rio Grande do Norte.
A decepção é enorme. O país e o mundo afundando na crise climática e os governos cegamente ainda correndo atrás de petróleo.
Saiba mais:
Presidente da Petrobras diz que não quer pressionar IBAMA, mas que discussões sobre foz do Amazonas “vão se intensificar” – ClimaInfo: https://bit.ly/3ZKEvH0
AGU libera exploração de petróleo na foz do Amazonas – UOL Notícias, 22/08/23: https://bit.ly/3LNF1OI4