Antiga Rubinéia, uma cidade que foi submersa na ditadura militar

A margem do Rio Paraná entre os estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul já recuou mais de 200 metros e deixou ressurgir as ruínas da antiga estação ferroviária de uma cidade que foi submersa durante a ditadura militar. Rubinéia foi fundada em 1951, mas 20 anos depois de sua fundação, cerca de 10 mil habitantes sofreram um processo forçado de desocupação para a construção da barragem da Usina Hidrelétrica de Ilha Solteira. Adriz Jacob, autor do livro “Infância Submersa”, é um deles –precisou deixar a cidade aos 14 anos ao lado da família.  “Imagina vir uma empresa dizendo que você e sua família precisam ir embora. As pessoas ficaram sem alternativas. Elas tinham que sair”, comenta o escritor à reportagem do G1. 

A barragem com altura de 70m tem capacidade para 21 bilhões de m3 de água, equivalente a seis vezes o tamanho da Baía de Guanabara. A partir de 1973, as águas do Rio Paraná começaram a subir sobre as construções da antiga Rubinéia.  Em 1978, a construção foi concluída e 65% da superfície ficou embaixo d’água a uma profundidade de mais de 8m: estação rodoviária, a igreja matriz, as praças, o cinema, o comércio, os três hotéis e as casas. 

Se até aqui a história já parece triste, fica mais triste ainda: o projeto não previu o assoreamento a montante e a erosão da calha do rio a jusante, tampouco crises hídricas. Além de gerar energia, a usina também regulariza a vazão do rio Paraná para permitir a navegação. Atualmente, a barragem da hidrelétrica está abaixo do volume útil, operando no nível mínimo estabelecido pelos órgãos reguladores para garantir o funcionamento da hidrovia Tietê-Paraná. 

Saiba mais: 

Seca no Rio Paraná revela ruínas de cidade do interior de SP submersa desde a década de 70 – G1: https://glo.bo/3iYDzuz

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