Chico Mendes vive

Chico Mendes foi morto em Xapuri, 22 de dezembro de 1988, há 34 anos. Recebeu diversas ameaças de fazendeiros. Não conseguiu proteção do governo. Foi assassinado uma semana após completar 44 anos, com tiros de escopeta no peito na porta de sua casa.

Desde os anos 70, Chico organizava manifestações pacíficas em defesa da Amazônia e seus povos. Naquela época, poucas pessoas falavam do valor da floresta em pé, da importância da proteção dos povos da Amazônia e da criação de reservas extrativistas sustentáveis.

Chico desafiava as concepções “desenvolvimentistas” e seus esquemas violentos que qualificam a cultura nativa como atrasada. Via possibilidades para outros mundos, pois já sabia que o egoísmo do capital seguia uma lógica antiecológica: a floresta aparecia como mero recurso a ser explorado pelos fins da economia, não pelos caminhos e pelos sentidos da vida.

Defendia a união dos povos da floresta e um movimento com raízes ecológicas de resistência-rexistência. Teve habilidade para reunir interesses dos povos indígenas, seringueiros, castanheiros, pequenos pescadores, quebradeiras de coco e populações ribeirinhas. Lutavam pela proteção de territórios com identidades culturais, imaginários e práticas.

“Quando Chico Mendes, seringueiros e indígenas começaram a se articular, perceberam que o que almejavam não se confundia com cidadania – seria um novo campo de reivindicação de direitos (…). Assim como Gandhi e seus seguidores, organizaram uma resistência pacífica à atuação do Estado. Mulheres crianças, homens, pessoas de todas as idades se postaram entre as árvores e as motosserras, cercando caminhos de quem chegava para fazer demarcações e impedindo que o dedo urbano – fosse ele de geógrafos, topógrafos ou sismógrafos – apontasse finais dentro da floresta. Não queriam estacas nem lotes, queria a fluidez do rio, o contínuo da mata. (…) Houve ali um contágio positivo do pensamento, da cultura, uma reflexão sobre o comum. A Aliança dos Povos da Floresta nasceu da busca por igualdade nessa experiência política”, explica Krenak no livro Futuro Ancestral.

A visão singular de Chico Mendes ajudou a criar os modelos de reservas extrativistas (Resex) hoje no país. Como liderança e ambientalista, recebeu o prêmio Global 500 da ONU, a medalha de Meio Ambiente da Better World Society.

Saiba mais:
Documentário “Eu quero viver”: https://youtu.be/eY2_HI0F-xw

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