Estudo da Fiocruz em parceria com o Observatório do Clima publicado na Nature/Scientific Reports relaciona desmatamento, ocupações irregulares, falta de saneamento, mudanças climáticas (eventos extremos de calor e tempestades com inundações) com a atual epidemia de dengue no país. Nos três primeiros meses do ano, o Brasil já contabiliza mais casos de dengue que no ano passado inteiro, passando de 1,8 milhão de pessoas infectadas.
O que chama atenção dos pesquisadores é a expansão recente da área de transmissão da dengue para a região Sul e Centro-Oeste, com mudança de padrão devido ao aumento de temperatura nessas regiões. “Isso dispara o processo de transmissão de dengue, tanto por causa do mosquito quanto pela circulação de pessoas”, explica o pesquisador Christovam Barcellos, do Observatório de Clima e Saúde, autor da pesquisa. “Nessas regiões que estão sofrendo com altas de temperatura, também temos visto um desmatamento muito acelerado. E dentro do Cerrado Brasileiro há as cidades que já têm ilhas de calor, áreas de subúrbio ou periferias com péssimas condições de saneamento, tornando mais difícil combater o mosquito”.
Por causa das mudanças climáticas, conclui o estudo que “áreas de maior altitude, antes consideradas fator limitante na transmissão da dengue, hoje representam uma zona geográfica suscetível à expansão da área de transmissão da dengue e de outras arboviroses.”
Saiba mais:
Climate change, thermal anomalies, and the recent progression of dengue in Brazil – Nature/Scientif Reports: https://www.nature.com/articles/s41598-024-56044-y