Como estudar antigas cidades indígenas cobertas pela floresta

Entre os sensores remotos — equipamentos que detectam ondas de Radiação Eletromagnética (REM) e as transformam em informações visuais —, o LIDAR (Light Detection and Ranging) é um destaque. Ele usa ondas grandes no espectro do infravermelho próximo que atravessam o dossel da floresta, mapeando desde a folha mais alta de uma árvore gigante até o solo ou rochas expostas.

Por ser um sensor ativo, que emite sua própria luz (pulsos de laser), o LIDAR não depende do sol, funcionando a qualquer hora do dia. É como um “raio-X da Terra”. Ele escaneia faixa a faixa, cobrindo a área definida.

Na arqueologia, o LIDAR tem desvendado civilizações ocultas. Na Guatemala, revelou mais de 60 mil estruturas da civilização Maia. Em janeiro de 2024, a Science publicou um estudo sobre cinco grandes assentamentos e 10 menores, datados de 500 a.C., no leste do Equador (Vale do Upano), interligados por estradas, mais antigos que Machu Picchu. Na Bolívia, pesquisa de 2022 na Nature revelou assentamentos urbanos pré-coloniais de mais de 1.500 anos, com construções de barro, complexos palaciais e redes de irrigação, escondidos sob florestas densas.

Na fiscalização ambiental, o LIDAR enfrenta desmatadores que escapavam da lentidão de outros satélites. Acoplado a drones, balões, aviões ou helicópteros, emite pulsos de laser que atingem o solo. Medindo o tempo que o pulso leva para voltar, calcula distâncias e cria modelos 3D detalhados. Em terra, o LIDAR pode ser usado em veículos ou mochilas especiais, gerando uma “nuvem de pontos” que representa a geometria do ambiente com precisão.

Por criar imagens de alta resolução, o LIDAR revela detalhes que satélites orbitais não alcançam. Modelos Digitais do Terreno (MDT) filtram a vegetação, expondo o solo. Na Engenharia Florestal, este é um recurso valioso para inventário em áreas florestadas.

Entre as vantagens, o LIDAR é menos afetado por interferências atmosféricas e utiliza lasers de baixa potência, seguros para os olhos. A desvantagem? O custo: sensores terrestres básicos custam a partir de 5 mil dólares; os de alta precisão chegam a 100 mil dólares. Já os aéreos para drones variam entre 100 mil e 500 mil dólares.

O LIDAR é uma ferramenta poderosa para proteger florestas, desvendar o passado e mapear o presente com precisão. Que todas as universidades públicas na Amazônia tenham acesso a essa ferramenta para que estudantes possam aprender a usá-la e desenvolver projetos de pesquisa.

Saiba mais:

LIDAR: o laser que revela o passado, mapeia o presente e planeja o futuro – DeviAnte: https://abre.ai/lBxz

Amazônia revelada: LiDAR mostra Brasil perdido (ou apagado) – https://abre.ai/lBxC

Cidades de 2.500 anos são descobertas na Amazônia – https://abre.ai/lBxR

Lidar reveals pre-Hispanic low-density urbanism in the Bolivian Amazon – Nature: https://go.nature.com/3zvz9UK
Pesquisa descobre ‘cidades’ da era pré-colonial na Amazônia com pirâmides de até 22 metros de altura – https://abre.ai/lBxX

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