As luzes artificiais desligaram o céu, aboliram a noite e causaram uma gigantesca alteração na biosfera. A iluminação da noite com essas tentativas de sóis feitos por mãos e cabeças humanas vem acendendo cidades há mais de três séculos. Hoje, a poluição luminosa dos centros urbanos apagou milhares de corpos celestes que antes eram visíveis a olho nu. Sumimos com a Via Láctea e tentamos apagar o brilho de Júpiter. A maioria das pessoas no mundo já não conseguem ver estrelas, tampouco contemplar o surgimento do novo dia, muito menos filosofar sobre a imensidão do universo. O ciclo de sono e vigília foi totalmente desregulado. A produção que não para, o consumo que não basta, a insônia que não passa, o estresse e a depressão dos tempos atuais.
O artigo “Não há direito às estrelas sob o capitalismo”, do físico, cientista social e escritor Marco D’Eramo, traduzido pelo portal Outras Palavras, reflete sobre o impacto e os efeitos colaterais da iluminação artificial na Terra, com consequência para toda a fauna e a flora do planeta.
Sobre o impacto na fauna, “nada menos que um terço de todos os vertebrados e quase dois terços de todos os invertebrados são noturnos, portanto é depois que nós humanos adormecemos que ocorre a maior parte da atividade natural na forma de acasalamento, caça, decomposição e polinização” (dado do livro Darkness Manifesto, de 2022, do escritor sueco Johan Eklöf). Aves colidem contra torres iluminadas, presas já não escapam de predadores e diversas espécies já não conseguem se reproduzir. Pesquisa mostra que a biomassa total de insetos caiu 75% nas últimas três décadas.
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Não há direito às estrelas sob o capitalismo | Outras Palavras: https://outraspalavras.net/crise-civilizatoria/nao-ha-direito-as-estrelas-sob-o-capitalismo/