Vamos restaurar 1 milhão de hectares da Caatinga?

A Caatinga, bioma exclusivamente brasileiro, enfrenta um desafio crescente: a desertificação. As secas prolongadas e o desmatamento ameaçam a sobrevivência desse ecossistema único e impactam a vida de milhões de pessoas. Mas existe uma solução: a recuperação das áreas degradadas.

Um estudo recente do Instituto Escolhas revelou que a restauração de áreas desmatadas/degradadas, consideradas passivos ambientais em propriedades privadas, pode beneficiar o bioma e regularizar quem está fora da lei. Além disso, a restauração produtiva no Nordeste pode proteger fontes hídricas e reduzir as altas temperaturas da região.

O estudo estimou os impactos de restaurar cerca de 1 milhão de hectares desmatados em Áreas de Preservação Permanente (APP) e Reserva Legal (RL) dentro de imóveis com déficits ambientais. Essas áreas não podem ser desmatadas por razões importantes:

– APPs: São como “escudos” ambientais. Protegem margens de rios, topos de morros e áreas frágeis contra erosão e secas.
– RLs: São porções da propriedade que devem manter a vegetação nativa, garantindo o equilíbrio ecológico e a conservação da biodiversidade.

Muitas áreas desmatadas no passado precisam ser recuperadas para cumprir a lei. Na Caatinga, o esforço de recuperação ajudaria a combater a desertificação, proteger os recursos hídricos e conservar a biodiversidade. Além disso, geraria R$ 29,7 bilhões em receita líquida, mais que o dobro do investimento necessário, estimado em R$ 15 bilhões. Para isso, seriam produzidas 1 bilhão de mudas e cultivados 7,4 milhões de toneladas de frutas, verduras e hortaliças em sistemas agroflorestais.

Esse recorte faz parte de um relatório técnico publicado em 2023, que levantou os estímulos para que propriedades com passivos ambientais regularizem sua vegetação nativa. O déficit total de áreas que precisam ser reflorestadas está assim distribuído entre os biomas: Mata Atlântica (36,3%), Cerrado (32,4%), Amazônia (21,7%), Caatinga (5,2%), Pampa (4%) e Pantanal (0,3%).


Por meio de Termos de Compromisso (TC) com órgãos ambientais, essas áreas podem ser restauradas de forma produtiva e garantindo que a área seja habitável no futuro. No total, 2,9 milhões de hectares no Brasil têm alto potencial de recuperação, mostrando que plantar árvores só pode dar frutos.

Saiba mais:
Caatinga – Os bons frutos da recuperação de florestas, 2024. Instituto Escolhas: https://bit.ly/sobreaCaatinga
Estratégias de Recuperação da Vegetação em ampla escala para o Brasil, 2023. Instituto Escolhas: https://abre.ai/lxRh

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