A dança da madeira: rangidos, janelas sempre abertas e umidade no ar

Tem uma época do ano em que as casas de madeira rangem, e as portas e janelas parecem ganhar vida própria. Sempre tem alguém que solta a frase: “É porque a madeira está trabalhando!” E a gente pensa: quem está trabalhando sou eu, e sou a favor da mudança para uma escala mais compatível com a vida, 4 por 3!

Mas, voltando à madeira, ela “trabalha” porque é um material orgânico e higroscópico, ou seja, interage com a umidade e a temperatura do ambiente, absorvendo ou perdendo água conforme as variações da umidade relativa do ar e da temperatura.

No período chuvoso, ou em cidades próximas ao mar e a grandes rios, onde o ar está mais úmido, a madeira absorve umidade para tentar encontrar equilíbrio com o ambiente e incha. Já em locais mais secos, como Brasília, ou em épocas de estiagem, a madeira perde umidade para o ambiente e se retrai.

Esse processo acontece o tempo todo e não afeta apenas o tamanho da madeira, mas também sua densidade, resistência mecânica e durabilidade. Quanto mais úmida, menor a resistência e a dureza, além de ficar mais vulnerável ao ataque de fungos e insetos. Por outro lado, se a secagem for muito rápida, a madeira pode se tornar mais rígida, mas também mais suscetível a rachaduras e trincas.

Da próxima vez que ouvir uma casa de madeira rangendo à noite, não se assuste: é só a madeira acompanhando a dança da umidade e da temperatura do ar.

Saiba mais:

ARAUJO, H. J. B. de. Caracterização do material madeira. In: SEABRA, G. (org.). Educação ambiental: o desenvolvimento sustentável na economia globalizada. Ituiutaba, MG: Barlavento, 2020. https://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/bitstream/doc/1120281/1/26971.pdf 

AMORIM, Erick Phelipe et al. Anisotropia da contração e inchamento da madeira: uma abordagem tecnológica. In: EVANGELISTA, W.V. (Org.). Madeiras Nativas e Plantadas do Brasil: Qualidade, Pesquisas e Atualidades – Volume 2. Guarujá: Editora Científica Digital Ltda., 2023. DOI: 10.37885/211006537. https://downloads.editoracientifica.com.br/articles/211006537.pdf

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