Há cerca de 3 mil anos antes de Cristo, na época do calendário gregoriano que usamos hoje, uma sementinha da conífera 𝐹𝑖𝑡𝑧𝑟𝑜𝑦𝑎 𝑐𝑢𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠𝑜𝑖𝑑𝑒𝑠 brotou no sul do continente sul-americano. Esse clássico cipreste, conhecido como alerce ou cipreste-da-Patagônia, é chamado pelos chilenos de “El Gran Abuelo” — o bisavô. Ele ainda está vivo e firme no Parque Nacional Alerce Andino, na região de Los Ríos, Chile. Para chegar até ele, são 800km ao sul de Santiago ou 360km de Bariloche, na Argentina.
O tronco dessa árvore guarda registros climáticos milenares, como uma cápsula do tempo, revelando genes e segredos de adaptação e resiliência. Essa testemunha silenciosa nunca saiu do lugar, mas observou o planeta mudar e sobreviveu.
A 𝐹𝑖𝑡𝑧𝑟𝑜𝑦𝑎 pertence a um gênero monotípico (ou seja, só tem essa espécie!), sendo uma planta gimnosperma – com sementes “nuas”, sem frutos. Ela é endêmica da costa chilena e da região andina argentina. Com copa densa e em formato de pirâmide, a espécie pode ultrapassar os 50 metros de altura e os 5 metros de diâmetro. Seu tronco é reto e cilíndrico, coberto por uma casca fibrosa, marrom-avermelhada. Pequenas folhas escamosas e cones esféricos se espalham pela árvore, enquanto suas sementes, aladas, são carregadas pelo vento.
Saiba mais:
“Gran Abuelo”: Árvore milenar no Chile pode ser a mais antiga do mundo – History Channel
Cinco mil anos: árvore de 28 metros de altura no Chile deve ser certificada como a mais antiga do planeta – O Globo
Artigos Científicos:
Cano, M.J. et al., Population and conservation genetics using RAD sequencing in four endemic conifers from South America. Biodivers Conserv 31, 3093–3112 (2022)
Lara A, Villalba R, A 3620-year temperature record from Fitzroya cupressoides tree rings in southern South America. Sci (80-) 260:1104–1106 (1993):
Allnut et al., Genetic variation in Fitzroya cupressoides (alerce), a threatened South American conifer. Molecular Ecology. 8, 975–987 (1999)