
Colapso do dique no Equador agrava desastre ambiental com petróleo na Amazonia. O vazamento de petróleo que atinge o Equador desde o início do mês agora se espalha sem controle após o colapso de um dique. Já são meio milhão de pessoas afetadas, sem acesso a água limpa, com rios contaminados e doenças se alastrando.
A responsável é a Oleoduto de Crudos Pesados (OCP), empresa controlada por um consórcio privado de petroleiras. O vazamento começou em fevereiro e só veio à tona com a denúncia de comunidades indígenas e ribeirinhas. Como de costume, e empresa e o poder público demoraram a agir, tentaram minimizar e, agora, culpam a chuva. Há desprezo pelas vidas amazônicas e total despreparo para lidar com esse tipo de emergência que é inevitável quando se insiste em extrair petróleo no coração da floresta.
E o Brasil ainda cogita explorar petróleo na foz do rio Amazonas? Com a proximidade da COP30, precisamos nos perguntar: é esse o futuro que queremos na Amazônia brasileira?
Mesmo com a decisão técnica do IBAMA, que em 2023 negou a licença para explorar petróleo na Foz do Amazonas, a Petrobrás continua insistindo. Alega que, se houver vazamento, o óleo não atingiria o Brasil, apenas os países caribenhos. Como se a tragédia ambiental nos países vizinhos fosse aceitável.
Pior: o governo Lula ainda sinaliza que pode ceder à pressão. Mas a ciência é clara e está do lado da proteção. Pesquisadores do Museu Goeldi, UFPA e IEPA já alertavam desde 2016: os recifes, manguezais e várzeas da foz formam um dos ecossistemas mais sensíveis do planeta. Um vazamento na foz do Amazonas teria impacto profundo e duradouro, impossível de conter. Além disso, 13 mil indígenas de 56 comunidades no Oiapoque seriam afetados diretamente.
Nenhuma consulta foi feita, como exige a lei. A exploração é, além de ambientalmente insustentável, social e juridicamente violenta. Abrir nova fronteira de petróleo no meio da crise climática é tapar o sol com óleo.
Saiba mais:
Colapso de dique agrava emergência ambiental por vazamento de petróleo no Equador. UOL, 26 mar. 2025: https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/afp/2025/03/26/colapso-de-dique-agrava-emergencia-ambiental-por-vazamento-de-petroleo-no-equador.htm
Vazamento de petróleo no Equador já atinge meio milhão de pessoas. ClimaInfo, 19 mar. 2025: https://climainfo.org.br/2025/03/19/vazamento-de-petroleo-no-equador-ja-atinge-meio-milhao-de-pessoas
Foz do Amazonas é supersensível a óleo, e exploração carece de dados científicos, dizem pesquisadores. Folha de S.Paulo, 25 jul. 2024: https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2024/07/foz-do-amazonas-e-supersensivel-a-oleo-e-exploracao-carece-de-dados-cientificos-dizem-pesquisadores.shtml
Instituto Oceanográfico da USP. Nota técnica: análise sobre os riscos da exploração de petróleo na Margem Equatorial brasileira: https://www.cartacapital.com.br/wp-content/uploads/2023/08/NOTA-TECNICA-CORRIGIDA-YSN.pdf.
IBAMA. Nota técnica sobre o processo de licenciamento ambiental da Margem Equatorial – Bloco FZA-M-59. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, maio 2023: https://www.gov.br/ibama/pt-br/assuntos/noticias/2023/ibama-nega-licenca-de-perfuracao-na-bacia-da-foz-do-amazonas/parecer-coexp-fza-59.pdf
Manguezais, corais e terras indígenas: conheça litoral no centro da discussão sobre a exploração de petróleo pela Petrobras no Rio Amazonas – G1: https://bit.ly/3zIXkBj;
Os intrigantes recifes da foz do Amazonas – Fapesp: https://bit.ly/4bN3rC0