Quatro meses atrás, uma reportagem da Pública revelou o corte de quase 20% no orçamento do Ibama para prevenção e controle de incêndios florestais no país. No começo do mês, com os incêndios no Pantanal já fora de controle, o governo federal firmou um pacto com estados pantaneiros, prometendo liberar mais recursos para o enfrentamento da situação.
Nos primeiros seis meses do ano, uma área duas vezes maior que a cidade de São Paulo já foi consumida por quase 3 mil focos de incêndio no Pantanal. É um incêndio histórico, com 30% mais pontos de fogo que em 2020, quando ao menos 17 milhões de animais vertebrados morreram sem conseguir escapar. Hoje, o Mato Grosso do Sul decretou situação de emergência de 180 dias para cidades atingidas pelo fogo. O decreto estadual permite que brigadistas e bombeiros entrem em propriedades particulares, prestem socorro e determinem evacuações.
Investigações apontam para fogo criminoso, iniciado ao redor de propriedades privadas. Que apurem e prendam os mandantes. É muita insanidade e ganância. “O horror, o horror”, diria Joseph Conrad. Como se fosse possível tornar essa triste realidade ainda mais chocante, no fim de semana, o Brasil foi bombardeado por cenas noturnas de uma festa junina com um incêndio florestal ao fundo. Ignorando a visão da morte, organizadores, músicos e locais simplesmente viraram as costas para as chamas, deram de ombros para o céu apocalíptico, para o cheiro de fumaça, e seguiram sem pensar em todos aqueles que não conseguem fugir das chamas.
Saiba mais:
- Ibama sofre corte de 19% em recurso para combate ao fogo às vésperas do período seco – A Pública, 28/03/24: https://bit.ly/4bcvPgI
- MS decreta situação de emergência em cidades atingidas pelos incêndios no Pantanal – G1, 24/06/24: https://bit.ly/45BkTrR
- O rastro de destruição no Pantanal: jacaré carbonizado, carcaças expostas e vegetação cinza – G1, 16/06/24: https://bit.ly/3xwahxG