No último século, as monoculturas, a mineração e outros extrativismos industriais têm degradado o solo de forma crescente e acelerada. Essas atividades já degeneraram cerca de 45% dos solos do planeta. Soma-se a isso a crise climática, com mais frequência de eventos extremos, alternando entre períodos extremamente secos e quentes e tempestades violentas repentinas. Grandes áreas já degradadas estão perdendo radicalmente a estrutura do solo e a capacidade de sustentar organismos vivos. O resultado é prático: partes da América Latina, da África e do Oriente Médio tiveram safras reduzidas e muitos produtores perderam totalmente suas colheitas este ano.
O Programa Mundial de Alimentos alerta para uma crise humanitária sem precedentes na civilização moderna, já que cerca de metade das terras aráveis do planeta foram degradadas. O solo, além de suportar a vida das plantas (produtores primários de energia para todos os outros organismos), também funciona como sumidouro de carbono, sendo o segundo maior sumidouro de carbono do planeta.
Martin Frick, diretor do Programa Mundial de Alimentos, alertou que, se não mudarmos a direção das indústrias de alimentos e mineração, áreas que hoje ainda conseguem produzir alimentos passarão a ter quebras de safras também. Muito além da migração de refugiados do clima, ele prevê um desastre humanitário: “Vai ser como Mad Max”.
A solução passa por uma rede de produção agroflorestal e consumo local de alimentos, com menor impacto e menor degradação, ou seja, exige uma mudança sistêmica e uma nova forma de estar no mundo.
A IMPORTÂNCIA DO SOLO
O solo é um recurso fundamental para a sobrevivência da vida na Terra. Ele não apenas fornece os nutrientes necessários para o crescimento das plantas, mas também é essencial para a retenção de água, a regulação do clima e o suporte da biodiversidade. Cientificamente, sabe-se que um solo saudável é vital para a produção de alimentos, a purificação da água e a ciclagem dos nutrientes. A riqueza do solo é medida pela sua composição de matéria orgânica, diversidade microbiana e capacidade de sustentar plantas e animais. Solos ricos em matéria orgânica, por exemplo, são mais produtivos e resilientes a mudanças climáticas.
Saiba Mais
“Chefe de alimentos da ONU: Áreas mais pobres têm safra zero” – BBC News