A cannabis é uma planta herbácea perene da família Cannabaceae. Ela brota, cresce e floresce na Terra, cultivada por humanos, há pelo menos 12000 anos (1). Essa planta que a Natureza nos deu é cheia de propriedades fitoterápicas estudadas por cientistas no mundo todo. A cannabis é da mesma família do lúpulo, uma trepadeira usada na feitura de cerveja, e das nogueiras, uma árvore que dá pequenas drupas comestíveis. Foi descrita pela primeira vez em 1753 pelo botânico Carl Linnaeus, ou Lineu, em seu livro “Species Plantarum”.
Por causa do poder inegável de suas propriedades na prevenção e tratamento de diversas doenças, o cultivo e uso de “a planta” já foi aprovado e liberado em vários países da União Européia, no Canadá, nos Estados Unidos, na Austrália, em Israel, no Uruguai, no Chile, no México, entre outros.
No Brasil, era tratada como uma planta até a década de 30 do século passado. Por motivos econômicos e interesses dos Estados Unidos e da indústria do tabaco e do álcool, foi criminalizada. A proibição para uso recreativo de uma planta é algo que hoje soa ridículo. E esse ridículo tem afetado grupos sociais marginalizados, principalmente, pobres e negros.
Aqui, podemos todos fumar cigarro que dá câncer, beber álcool que causa cirrose, dependência e violência, comer os piores produtos ultraprocessados que estão associados à escravidão e a uma série de doenças, consumir agrotóxicos, falar que possuimos armas e tudo isso é legalizado e aceito com normalidade. Ninguém sofre discriminação. Por outro lado, o uso de uma planta ainda pode causar espanto. Ora veja, fumar flores dá cadeia no Brasil.
Essa planta ancestral teria tido origem na Ásia. Era cultivada por civilizações antigas para medicina, assim como para produção de óleo e de fibras. Estudos com datação de radiocarbono mostram seu uso medicinal e ritualístico há 2500 anos (2). Talvez também o uso recreativo. Por causa de seu poder terapêutico e medicinal, suas sementes foram espalhadas por todo mundo em rotas comerciais, atividades coloniais e migrações humanas. Acredita-se que tenha sido trazida para as Américas por colonizadores, embora haja evidências arqueológicas que possam sugerir seu uso antes da chegada dos europeus.
USO MEDICINAL
Já foram descritos e identificados na planta de cannabis mais de 60 canabinóides farmacologicamente ativos que atuam sobre os receptores no corpo humano (3). Esses compostos servem para:
— aliviar dor crônica (4);
— tratar convulsões em certas formas de epilepsia infantil (5);
— reduzir náuseas e vômitos causados por quimioterapia (6);
— manejar sintomas de condições como a esclerose múltipla (7);
— prevenir perda de memória e confusões em adultos e idosos (8);
— tratar demência e Alzheimer (9);
— tratar ansiedade e depressão (9).
PELO FIM DA IGNOR NCIA SOBRE PLANTAS E PELA LEGALIZAÇÃO DA MACONHA
Este sábado, em São Paulo, acontece a 15a. Marcha da Maconha, pelo antiproibicionismo. A marcha vai sair do vão do MASP às 15h e vai até a Praça da República.
Saiba mais:
(1) NATURE: “A Potted History”, 2015: https://bit.ly/3XfF2iP
(2) SCIENCE: “Oldest evidence of marijuana use discovered in 2500-year-old cemetery in peaks of western China”, 2019: https://bit.ly/42LYdlF
(3) PUBMED: “Medical Marijuana for Treatment of Chronic Pain and Other Medical and Psychiatric Problems: A Clinical Review”, 2015: bit.ly/3qJ3f4V
(4) NIH / STAT PEARLS: “Cannabis for Treatment of Chronic Pain”, 2022: https://bit.ly/3qRikkS
(5) NATURE: “Efficacy and safety of medical cannabinoids in children: a systematic review and meta-analysis”, 2021: https://bit.ly/3PhrqSr
(6) PUBMED: “Cannabinoids for nausea and vomiting in adults with cancer receiving chemotherapy”, 2015: https://bit.ly/3Xa4ztM
(7) PUBMED: “The Efficacy of Cannabis on Multiple Sclerosis-Related Symptoms”, 2022: https://bit.ly/3JmOJpZ
(8) PUBMED: “Medical Cannabis for the Treatment of Dementia: A Review of Clinical Effectiveness and Guidelines”, 2019: https://bit.ly/42FLSiF
(9) PUBMED: “Roles of Cannabidiol in the Treatment and Prevention of Alzheimer’s Disease by Multi-target Actions”, 2022: https://bit.ly/43IJeu5