“Estamos vivendo uma suspensão dos sentidos que nos desafia a pensar sobre a nossa experiência de viver aqui na Terra.
Acima do contexto local, regional, nacional, precisamos ver o capitalismo como uma máquina devoradora de mundos. O mundo da mercadoria não sossega, assim como o trem da mineração que passa levando as montanhas embora.
Os povos indígenas divergem de uma luta política no seio do capitalismo, mercadoria/indíviduo. Na nossa diversidade maravilhosa temos uma percepção da experiência da vida que os elementos que estão em disputa no pensamento político não valem nada. O estado é uma instituição que se sobrepõe a arranjos políticos.
Ainda existe dignidade.” (Krenak | Roda Viva: https://youtu.be/BtpbCuPKTq4)
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NO BRASIL TODO MUNDO É ÍNDIO, EXCETO QUEM NÃO É
“Índio não é uma questão de cocar de pena, urucum e arco e flecha, algo de aparente e evidente nesse sentido estereotipificante, mas sim uma questão de “estado de espírito”. Um modo de ser e não um modo de aparecer. Na verdade, algo mais (ou menos) que um modo de ser: a indianidade designava para nós um certo modo de devir, algo essencialmente invisível mas nem por isso menos eficaz: um movimento infinitesimal incessante de diferenciação, não um estado massivo de “diferença” anteriorizada e estabilizada, isto é, uma identidade. (Um dia seria bom os antropólogos pararem de chamar identidade de diferença e vice-versa.) A nossa luta, portanto, era conceitual : nosso problema era fazer com que o “ainda” do juízo de senso comum “esse pessoal ainda é índio” (ou “não é mais”) não significasse um estado transitório ou uma etapa a ser vencida. A idéia é a de que os índios “ainda” não tinham sido vencidos, nem jamais o seriam. Eles jamais acabar(i)am de ser índios, “ainda que”… Ou justamente porquê. Em suma, a idéia era que “índio” não podia ser visto como uma etapa na marcha ascensional até o invejável estado de “branco” ou “civilizado” ( Eduardo Viveiros de Castro – Povos Indígenas do Brasil https://bit.ly/3gnWe2h).
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