Onde tem hidrelétricas na Amazônia, o IBAMA e a ANA “ainda” tentam regular a vazão mínima de água nos rios para garantir a sobrevivência aquática, ecossistêmica e subsistência das comunidades tradicionais a jusante das usinas. “Ainda”. Na iminência de um colapso energético do país, o governo “deixou vazar” para o Estadão um esboço de Medida Provisória onde vai tirar até mesmo esse poder de decisão sobre a vazão mínima da ANA e do IBAMA, dando plenos poderes para o Ministério de Minas e Energia decidir quanta água passa.
Mesmo com esse suposto controle para defender a vida, centenas de comunidades tradicionais indígenas e ribeirinhas a jusante de cada uma dessas usinas estão ameaçadas de não conseguir viver. Ameaçadas de morte.
Os rios da Amazonia deixaram de ser regidos pelas forças naturais para serem controlados pelos interesses produtivos de hidrelétricas e suas concessionárias. A maioria dos projetos das hidrelétricas subestimaram o tanto de água que iam roubar dos rios para represar.
A jusante das hidrelétricas, o rio e toda vida que dependia dele vão definhando cada vez mais. As restrições da vazão da água já tem causado impactos gigantescos, com variações físicas na reconfiguração do leito, das várzeas, da margem, novos padrões de erosão e deposição, desaparecimento de peixes, água de má qualidade, mudanças microclimáticas, deixando hoje centenas de comunidades ribeirinhas abaixo de cada usina hidrelétrica na Amazonia por um fio d’água.
Saiba mais:
“MP em discussão tira poderes da ANA e do Ibama” – Valor: 14/06/21
https://glo.bo/3zwMTMA
“Esboço de MP tira poderes da ANA e Ibama para decidir sobre vazão de rios” – Folha: 14/06/21:
https://bit.ly/3wssW7O