As amêndoas de cacau exportadas como commodity em estado natural tem um preço muito baixo por quilo, algo em torno de 10 reais. Depois de fermentadas e beneficiadas para a produção de chocolate fino, o preço fica entre 200 e 300 reais o quilo. As castanhas-do-Pará em estado bruto tem um preço muito baixo, mas podem ganhar muito mais valor quando vendidas como óleo para a indústria cosmética ou para cápsulas de suplemento alimentar, chegando até 150 dólares o litro. O mesmo acontece com o guaraná, a cúrcuma, a mangarataia, a andiroba…
Para entender a situação atual do extrativismo na Amazônia, é importante falar com a população envolvida no cultivo e coleta de ingredientes nativos, identificando os desafios das comunidades que vivem com a floresta em pé para beneficiar bioprodutos com valor agregado. Quais são os gargalos tecnológicos e de comercialização dos produtores? É essencial fomentar uma nova estratégia para crescimento tecnológico comunitário com foco em bioprodutos por meio de políticas públicas específicas, adequando também os instrumentos fiscais e tributários existentes.
Entre as iniciativas ligadas à academia, temos o exemplo do Amazônia 4.0 do cientista Carlos Nobre, que aposta no fortalecimento das comunidades extrativistas amazônicas com a instalação de biofábricas e agreguem valor aos insumos da floresta.
Desde fevereiro deste ano, os Laboratórios Criativos da Amazônia (LCAs) começaram a circular em quatro comunidades extrativistas de cacau do Pará para experimentar ideias, formar e capacitar moradores. Os laboratórios já levam todos os estudos de experts em chocolate no mundo, além de máquinas, fornos com sensores de temperaturas, computadores com softwares específicos.
“Qualquer pequena comunidade da Amazônia que tenha uma área de produção de cacau ou cupuaçu poderá facilmente ter um chocolate de altíssimo nível, fino, fabricado ali mesmo.” E também cada comunidade deve ter uma característica única, já que cada comunidade terá a oportunidade de criar no laboratório suas receitas autorais, adicionando ingredientes da biodiversidade, definindo o ponto de fermentação e de torra (que afina o sabor do chocolate), além da criação de design da marca.
Saiba mais:
“Amazônia 4.0: As biofábricas de Carlos Nobre começam a sair do papel”- Reset: https://bit.ly/3eMdHjm
“Projeto “Amazônia 4.0”: Definindo uma Terceira Via para a Amazônia” – Fundação FHC: http://bit.ly/38EtRIO“Desafios e oportunidades da cadeia da castanha-do-Brasil são temas de workshops virtuais” – https://bit.ly/3i9aQ4z