Eco x Ego

A palavra “ecologia” tem origem grega, sendo formada por “oikos”, que significa “casa” ou “lugar para viver”, e “logos”, que significa “estudo”. Literalmente, “o estudo do lugar para viver”. Cientificamente, o termo se refere ao estudo das interações que determinam a distribuição e a abundância dos organismos.  Já a palavra “economia”, também de origem grega, é formada por “oikos” e “nomos”, que significa “gerenciamento” ou “administração”. Assim, “economia” significa literalmente “gerenciamento da casa” ou “administração do lugar para viver”. Gerenciar os recursos disponíveis para todos, promovendo um ideal de equidade, de sustentabilidade e de justiça.

Acontece que a humanidade mergulhou num longo período do egoísmo. A atividade moderna é movida pela busca excessiva de vantagens e benefícios para um pequeno grupo, em detrimento dos interesses e necessidades da manutenção da vida no planeta. Mesmo em ruínas, essa via ainda é defendida por uma ultrapassada organização patriarcal, androcêntrica e violenta. Plutocratas que seguem avançando com um modelo de dominação especista e colonialista. Não dá mais para permitir que eles definam as regras e escolham pela destruição. As consequências estão aí: múltiplas crises interligadas e os sistemas da Terra em falência.

O filósofo originário e ambientalista indígena Ailton Krenak lembra que “o futuro é ancestral, porque o futuro já estava aqui.”  Diz ele: “Trata-se de sentir a vida nos outros seres, numa árvore, numa montanha, num peixe, num pássaro, e se implicar. A presença dos outros seres não apenas se soma à paisagem do lugar que habito, como modifica o mundo. Para além de onde cada um de nós nasce -um sítio, uma aldeia, uma comunidade, uma cidade-, estamos todos num organismo maior que é a Terra. Por isso dizemos que somos filhos da terra. Essa Mãe constitui a primeira camada, o útero da experiência da consciência, que não é aplicada nem utilitária. Não se trata de um manual de vida, mas de uma relação indissociável com a origem, com a memória da criação do mundo e com as histórias mais reconfortantes que cada cultura é capaz de produzir. As mitologias são vivas”.

Precisamos reorganizar a casa, regenerar, reparar e curar os laços entre a humanidade e a natureza. Estamos lado a lado com a comunidade viva, em relação de interdependência com o meio ambiente. Todas as espécies precisam de condições ambientais e recursos naturais para viver. 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *