Vamos comparar duas realidades: São Paulo, com quase 8000 pessoas por quilômetro quadrado, e Santarém, com 18 pessoas por quilômetro quadrado. Quando um(a) engenheira(o) sanitarista vai planejar o sistema de abastecimento a pedido de uma sub-prefeitura, ela(e) precisa projetar o sistema mais adequado para aquela realidade, ou seja, o que faz mais sentido com base em dados demográficos e demanda, causando o menor impacto ambiental possível, a menor perda de água e o menor custo de manutenção.
É óbvio que o sistema descentralizado ⎼com múltiplas fontes, poços, cisternas, tratamento e reservatórios locais⎼ exigem uma rede de distribuição pequena e logo causam um impacto muito menor. A manutenção em caso de vazamentos também é bem mais barata. O sistema centralizado, que cruza bairros inteiros com tubulações enterradas embaixo do asfalto, tem uma instalação caríssima, uma manutenção de vazamentos super complicada e, claramente, são menos resilientes por depender de um reservatório só. Se der algum problema, a população toda pode ficar sem água e sem solução do dia para noite.
Por isso é cada vez mais importante fazer uma gestão integrada das águas e águas residuárias. Uma área urbana engloba desde bairros com urbanização mais ou menos densa até zonas com sítios e agricultura familiar. Todo esse conjunto de ambientes interage. O uso/reuso da água precisa ser planejado de forma integrada.
Bairros, distritos e áreas rurais devem ter uma gestão descentralizada, inclusive com tratamento de efluentes e reuso de águas cinzas. Condomínios e grandes empreendimentos também devem planejar seu saneamento básico descentralizado, assim como shoppings e indústrias. Além de mais barato, isso funciona melhor e é mais simples.
Saiba mais:
“A Realidade dos Corpos Hídricos Urbanos no Brasil”: https://youtu.be/sLKMYenLsnI?t=1481