Não fossem os super sapiens sapiens, Lineu! Artigo publicado na Cambridge University Press avança o conhecimento dos Homo c. ocidentalis sobre a Terra e aprofunda descobertas sobre como o planeta é um superorganismo com inteligência própria, capaz de aplicar informações da atividade coletiva planetária para se autorregular e garantir a manutenção da própria vida.
Desde Lineu, a espécie humana acredita que é superior aos outros seres vivos por uma falta de compreensão de Gaia. Essa suposta superioridade foi imposta intelectualmente durante três séculos de equivocada interpretação da hierarquização evolutiva fisiológica e morfológica das diversas espécies de vida. Extrapolando essa falha de interpretação do sistema terrestre, há alguns 𝘏𝘰𝘮𝘰 𝘴𝘢𝘱𝘪𝘦𝘯𝘴 𝘴𝘢𝘱𝘪𝘦𝘯𝘴 que acreditam ser superiores à própria coletividade de 𝘏𝘰𝘮𝘰 𝘴𝘢𝘱𝘪𝘦𝘯𝘴 𝘴𝘢𝘱𝘪𝘦𝘯𝘴. Os super sapiens. Essa certeza de distinção, assim como qualquer outra certeza, é o que alimenta a crise planetária..
Nos últimos 500 anos, vimos estes tais super-humanos que se julgam por cima da carne-seca perpetrarem o colonialismo, a matança de indígenas, a escravidão, o apartheid e por aí vai. Tudo isso continua até hoje. Obcecados que são, os que se creem escolhidos já não podem (ou podem) se dar conta da violência de suas práticas, das desigualdades e da própria efemeridade.
São frágeis como todos, mas desfilam e arrotam super-poderes, navios de guerra e bomba atômica. Ameaçam e humilham, lançam chuvas de mísseis e depois com generosidade seletiva enviam quaisquer caminhões com ajuda humanitária. Quando se deparam com o abismo da falsa seleção, os mais perturbados sentem ódio. Até a respiração dos não-eleitos incomoda, impedindo-os de amar e acolher toda forma de vida com o mesmo respeito e gentileza. Outros despertam. A solidariedade, o amor e a coragem são genuínos entre os humanos que se percebem como passageiros iguais na Terra. Esta força pode ser fonte de inspiração e mudança.
O estudo dos cientistas de Cambridge aprofunda a teoria de Gaia, publicada há 56 anos pela bióloga americana Lynn Margulis em parceria com o inglês James Loveloc. “O que a Ciência dos Sistemas Terrestres tirou da Teoria de Gaia foi o reconhecimento da biosfera como o principal motor da evolução planetária, bem como o profundo papel da atividade microbiana coletiva na formação de feedbacks biosféricos críticos.”
Ao passo que a Terra é um sistema vivo autônomo que aplica a inteligência para autorregular a vida e a identidade no melhor interesse de todos os seres do planeta, os humanos são uma espécie que vão contra a corrente marchando em modo autodestrutivo.
Há 15 dias estamos acompanhando a matança de inocentes, de crianças, de idosos, de mulheres. Já são mais de 4000 crianças e mulheres mortos. Estamos todos sendo bombardeados por imagens de terror. Quem não se indigna ou acha que não tem nada a ver com isso se engana. É preciso resgatar nossa irmandade e ampliar nossa consciência. É preciso ecoar. Pela primavera dos povos. Pelo planeta. Somos todos parentes.
Saiba mais:
Intelligence as a planetary scale process – Cambridge University Press: https://bit.ly/36ETGtV